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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O "OUTRO LADO" DO TRABALHO MEDIÚNICO DE CHICO XAVIER!!!




O “OUTRO LADO” DO TRABALHO MEDIÚNICO DE CHICO XAVIER



“Entre os dias 27 a 30 de julho de 1984 fui a Uberaba (MG), em companhia de um casal amigo. Já havia contatado, através de cartas, com o nosso querido irmão Chico Xavier e com ele marcamos uma entrevista, a fim de tratarmos do meu novo livro (Testemunhos de Chico Xavier), então em andamento.

As reuniões do Grupo Espírita da Prece transcorreram com os habituais trabalhos, mas a cada semana revestem-se de especial emoção sob as injunções dos dramas que envolvem muitos dos presentes.

No sábado, a presença do orador e médium Divaldo Franco, também um amigo muito querido, e a da Federação Espírita Brasileira (que juntamente com Divaldo regressavam do Curso Internacional de Preparação de Evangelizadores Espíritas da Infância e da Juventude, realizado em Brasília nos dias 22 a 26 de julho), entre os quais o nosso estimado amigo Nestor João Masotti (Vice-Presidente da USE-SP), trouxeram à reunião um clima de verdadeira festa espiritual.

Chico Xavier psicografou por mais de três horas e recebeu oito cartas de espíritos recém-desencarnados para os familiares presentes. Psicografou também cerca de doze trovas de poetas diferentes. Entre essas, uma assinada por antigo militante espírita de Salvador, conhecido por Tio Juca, e dedicada a Divaldo. O médium baiano psicografou duas cartas de jovens e uma mensagem de Amélia Rodrigues.

Após a entrevista com Chico Xavier, realizada no domingo, retornamos a Juiz de Fora, plenamente felizes pelos resultados alcançados, acima de nossas expectativas.

Dois dias depois, comparecemos à nossa habi­tual sessão mediúnica no C. E. Ivon Costa. Já quase ao final da reunião notamos a aproximação de uma entidade cuja presença captamos por diversas vezes antes de nossa ida a Uberaba. É preciso esclarecer que por quase três meses estivemos preparando o material que levaríamos para a apreciação de Chico Xavier. Durante esse tempo, vez por outra, nos sen­timos assediados por alguns espíritos, que tentavam de todas as maneiras afastar-nos dos objetivos programados. Nas últimas semanas o assédio intensificou-se e várias foram as situações difíceis que tivemos de contornar e superar. Alertados pelos Benfeitores espirituais, esforçamo-nos por nos man­ter vigilantes e equilibrados, escorando-nos princi­palmente no trabalho da Doutrina e na oração.

Identificamos o espírito como o líder da equipe que nos vigiava atentamente. Mas o notamos trans­formado. Já não era o mesmo. Ele e seus quatro com­panheiros nos rodeavam, denotando, porém, que algo inusitado acontecera.

- Estou aqui, disse ele, com voz emocionada, para narrar-lhes o que nos sucedeu. Fomos designados para impedir a viagem destes três (com um gesto designou-me e ao casal). A ordem era: “Eles não devem viajar. Pretendem levar com eles alguma coisa que não deve chegar ao seu destino. Pertur­bem. Atrapalhem. Impeçam.” Foi o que tentamos fa­zer, preparando ciladas e ocasionando confusões. Contudo, o nosso aborrecimento era grande, pois, apesar das tentativas, alguma coisa mais forte os ajudava a vencer os obstáculos que criávamos... Contrariados e até revoltados éramos obrigados a acompanhá-los a reuniões durante toda a semana, parecendo-nos que não faziam outra coisa senão cuidar “desse tal” de Espiritismo. Hoje, digo isto envergonhado. Temos vergonha do mal que desejamos a todos os que estão nesta sala. Não fossem aqueles que os protegem - que reconhecemos mais fortes que nós - e muita coisa poderia ter acontecido.

Chegou finalmente o dia da viagem. Fomos com eles. Ficaram num lugar que nos pareceu muito esquisito. Era reunião, preces e as tais leituras todo o dia. Também escreviam muito; entretanto só os víamos de longe, na maioria das vezes, porque cercas elétricas nos impediam a aproximação. As coisas começaram a mudar para nós. Estávamos desanimados e não víamos mais finalidade alguma no nosso trabalho. Forças estranhas nos imantavam às preces que faziam e a eles próprios. No dia marcado, eles foram à cidade e nós os acompanhamos ansiosos por saber, afinal de contas, o que é que eles tanto esperavam.

- Para eles o trânsito por lá estava livre. Para nós houve sérias dificuldades. Ao chegarmos ao local ha­via grande multidão de “vivos”, mas uma outra bem maior de “mortos”. No nosso plano, muitos guardas cercavam a casa que irradiava uma luz muito for­te. Tudo era profusamente iluminado. A claridade era tanta que o alarido entre os nossos cessou por completo. O ambiente transmitia-nos uma sensação de grandiosidade que não sei explicar, embora o local humilde e simples na esfera física, o que nos tornou respeitosos. Em meio à multidão espiritual que se acotovelava, em largo trecho nas cercanias da casa, numa distância equivalente à da claridade projetada, aos poucos sentimos que havia um lugar para nós, para onde fomos conduzidos.

Eu me esquecera de tudo: dos chefes e dos obje­tivos. Outras preocupações me dominavam. Nos últimos dias, inexplicavelmente, passei a me lembrar de casa, principalmente do meu filho, que havia morrido há quase 40 anos, quando contava apenas nove anos de idade. Foi um desastre de caminhão. Eu dirigia, e meu filho quis ir comigo. Fiz-lhe a von­tade, sem saber que seria a última. Em certo trecho da estrada o caminhão desgovernado caiu numa ri­banceira. Eu me salvei, mas meu menino morreu na hora. O desespero tomou conta de mim. Julgava-me culpado. Revoltado, passei a odiar o mundo, no qual me perdi. Nunca soube dele do lado de cá. Tornei-me descrente de Deus e da vida.

O movimento no plano físico cresceu - prosse­guiu ele - e me interessei em acompanhar os fatos. Coisas estranhas estavam acontecendo. Vi um homem sentado, escrevendo. Escrevia, escrevia muito. Repa­rei que em torno dele as luzes eram bem mais fortes e que atrás de sua cadeira havia uma espécie de fila, formada em sua maioria por jovens. Fui compreen­dendo que eles escreviam cartas para os parentes da Terra, pelas mãos daquele homem que vocês chamam de médium, que eram recebidas pelos parentes emocionados.

- Meu Deus, pensei, o que e isto? E o nome de Deus surgiu em meus lábios como um grito brotado do coração. Eu também perdi meu filho e não sei onde ele está, embora eu esteja no mesmo plano que ele. Por quê? Por que ele morreu assim?

Olhei meus companheiros. Como eu, observavam emocionados as cenas. Cada um de nós havia per­dido alguém muito amado. Um deles me falara da filha, doente desde pequena e que morreu na primeira infância. O tempo passava. Sei que amanheceu e anoiteceu de novo. Já era outro dia e aquele homem escrevia ainda. Eu também queria uma carta. Uma notícia. Sem saber como, me vi igualmente numa fila, formada ao lado. Fui atendido por um dos que protegem aquele homem. Contei a minha historia. Pedi notícias do filho querido. Para minha surpresa recebi uma folha de papel. Era uma carta dele! In­descritível foi a minha emoção. Falava de nós, de nossa casa e da nossa vida. E me disse em certo trecho: - “Papai, eu estou ao seu lado. O senhor não me vê porque escolheu o lado errado. Mude de vida, papai, e o senhor me encontrará!”. E havia tal ter­nura em suas palavras que ao lê-las tive a impressão de ouvir a sua voz e de que ele estava perto de mim. Não pensei em mais nada. Segurei a folha junto ao coração e ela era como um pedaço de luz em minhas mãos. Juntei-me aos companheiros que, como eu, foram contemplados com notícias e orientações sobre como proceder dali em diante.

Compreendemos então a imperiosa necessidade de vir até aqui narrar-lhes essas ocorrências. E dizer-lhes que estamos enfraquecidos agora, mas felizes e desejosos de encontrar esse novo caminho que nos leve mais depressa para junto dos entes queridos.

Calou-se a entidade. Sua emoção contagiara a todos. O doutrinador, comovido, dirigiu-lhe palavras de estímulo e conforto. Antes de se retirar, o espíri­to ainda disse:

- Hoje eu agradeço a vocês por nos terem levado até aquele homem - aquele homem-luz - que todos chamam por Chico. Era este o nome repetido por quantos estavam ali, num plano e no outro, e lhe pediam vez para escrever. Graças a ele, ao trabalho dele, nós cinco recebemos essas notícias e compreendemos o erro em que vivemos até agora.

Ainda não sei da minha vida daqui pra frente, mas meu filho disse que eu rogasse a Jesus, para recebermos ajuda. Peço-lhes que façam isso por nós, que nos ensinem a orar.

O doutrinador fez sentida prece e a entidade retirou-se.

A comunicação deixou-nos pensativos. Ela nos desvendou uma pequena parte do imenso labor espiritual que se desenvolve tendo como figura central o nosso querido Chico Xavier. Ficamos imaginando a grandeza e complexidade dessas atividades, que na nossa acanhada percepção mal conseguimos entre ver ou adivinhar.

Pensamos em Chico Xavier e nos seus mais de 50 anos de trabalho constante no campo da mediunidade com Jesus, a serviço da Doutrina Espírita. Quantas almas, quantos corações foram tocados pela sua bondade e abnegação? Quantas criaturas foram orientadas e se renovaram interiormente graças ao seu exemplo, aos livros e páginas por ele psicografadas? Quantos espíritos desorientados, sofredores, cristalizados no erro, receberam amparo, ajuda, consolo e esclarecimento em função de sua atividade constante?

A grandeza desse trabalho é imensurável. No silêncio da reunião que se findava, agradeci a Jesus por termos entre nós alguém como Chico Xavier e roguei ao Mestre que o envolva em bênçãos e o sus­tente na sua edificante caminhada.”




(Reformador, Novembro 1984.)





(Texto extraído do livro “Dimensões Espirituais do Centro Espírita”

da autora Suely Caldas Schubert, Editora FEB.)

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