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terça-feira, 17 de julho de 2012

ATRIZ CHRISTIANE TORLONI CONTA COMO SUPEROU A MORTE DO FILHO:


Christiane Torloni diz como superou a morte do filho

torloni.jpgEm “Chico Xavier”, o filme que conta a história do médium mais famoso do Brasil, em cartaz desde ontem nos cinemas do país, a atriz Christiane Torloni vive Glória, uma mãe que perdeu o filho, assassinado acidentalmente por um amigo. Infelizmente, Christiane conhece bem essa dor, e não só da ficção. Seu filho Guilherme morreu aos 12 anos, em um acidente com o carro que a própria Christiane dirigia. Hoje, quase 20 anos depois, ela se firmou como uma das atrizes de maior destaque da televisão brasileira. Mas diz que chegou a pensar em desistir da carreira enquanto enfrentava os primeiros momentos do luto. “Se meu instrumento de trabalho é o coração, como eu iria trabalhar com o coração despedaçado?”. Mas como é possível se recuperar de uma tragédia dessas? “Você tem de aprender a viver de novo sem um pedaço de você”, diz Christiane, que empresta a própria garra a seus personagens, sempre marcados pela persistência e pela força. Reservada, Christiane raramente fala sobre a perda do filho. Mas aceitou contar ao Mulher 7×7 , de sua casa, no Rio de Janeiro, sua história de superação.

Após a morte do filho, em 1991, Christiane e Leonardo, irmão gêmeo de Guilherme, fecharam-se em um auto-exílio em Portugal. O país despertara a curiosidade de Guilherme alguns meses antes do acidente, quando a mãe fora divulgar a novela Kananga do Japão. Com a morte de Guilherme, Christiane sentiu que lá era o lugar em que deveria “aprender a viver sem um pedaço”. Nos três anos em que passou além-mar, dedicou-se ao teatro em Portugal e veio ao Brasil para gravar a minissérie “Noivas de Copacabana”. Quando decidiu voltar definitivamente ao Brasil, aceitou um papel que era, no mínimo, um desafio: viver a Dinah, de “A Viagem”. A novela de Ivani Ribeiro, baseada no espiritismo, conta a história de um casal que morre e volta a se encontrar em outro plano. “Se eu não estivesse recuperada, não teria conseguido fazer a novela. Mas a dor de perder um filho não passa nunca. Já faz muito tempo e a única coisa que mudou foi a minha capacidade de lidar com a dor.”

E como é que se faz isso? “Você quer que eu lhe dê uma bula! Isso não existe”, diz Christiane com a voz firme, aquela que eu conheço de suas personagens cheias de determinação das novelas. Mas, quando sua memória parece tocar aqueles primeiros dias de coração despedaçado, como ela diz, sua voz se abranda. Tem o tom de resignação que só alguém que mergulhou em sua própria dor pode ter. “É preciso ser humano”, diz. “Ter paciência com o tempo, com você, com a dor. Isso é ser humano. Mas as pessoas não se dão mais esse direito.” Leia a entrevista na íntegra a seguir.

chico11.jpgMulher 7×7 – Perder um filho é uma das piores dores que um ser humano pode enfrentar. Como você conseguiu se refazer dessa tragédia?
Christiane Torloni – Uma mãe que perde um filho ficará para sempre de luto. Não existe ex-mãe. Vai fazer 20 anos que o Guilherme morreu. É muito tempo. Mas a única coisa que mudou foi a minha capacidade de lidar com a dor. Você precisa continuar vivendo, dia após a dia, lutar para vencer um de cada vez. É a mesma filosofia dos Alcoólicos Anônimos: “só por hoje”.

Muitas pessoas que perderam um ente querido dizem se sentir um peso para os amigos e para a família porque não podem mais falar sobre o assunto para não chatear ninguém. Você sentiu isso?
Existe muito essa cultura do “vamos lá, vamos para frente”. Mas é preciso respeitar essa pessoa porque ela está em dor. Chega a ser uma dor física. Precisamos ter paciência com a avalanche de emoções que se seguirão para se adaptar a um coração que nunca mais vai ser o mesmo. E o ser humano tem passado por cima dessa necessidade de se recolher, não quer ficar triste. Mas é dessa dor que vai vir a força para superar. Não se aprende só na alegria, mas também com a dor. Nesse momento, temos de ser humanos: ter paciência com o tempo, com você, com a dor. Isso é ser humano. Mas as pessoas não se dão mais esse direito.

E você conseguiu se dar esse direito?
Eu saí do Brasil, mudei para Portugal com o meu filho Leonardo. Entrei em uma viagem profunda, me respeitei. Fiz aquilo que os antigos faziam: encarei dar tempo ao tal do tempo. Ele é um remédio quando a gente tem paciência. Isso foi me dando força a voltar a trabalhar. Enquanto eu ainda morava em Portugal, voltei para fazer uma participação na minissérie “Noivas de Copacabana”, mas não foi legal. Eu ainda não estava bem. Estava em dúvida se continuaria sendo atriz. Se meu instrumento de trabalho é o coração, como eu iria trabalhar com o coração despedaçado?

chico2.jpgComo você decidiu seguir com a carreira?
Algumas pessoas que aparecem nas nossas vidas são como anjos. O Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então um dos diretores da TV Globo) ficava me monitorando para saber se estava tudo bem, quando eu gostaria de voltar. A TV Globo me mandava cartas de pessoas que me escreviam e que tinham passado pela mesma experiência. Recebi até cartas psicografadas dizendo para eu não desistir. Eu fui para Portugal para ficar sozinha, mas, no fundo, eu não estava sozinha. Uma rede amorosa se formou em volta de mim. Quando Wolf Maia me convidou para participar de “A Viagem”, eu decidi aceitar antes de saber sobre o que era. Fazer a novela foi muito difícil, mas eu consegui porque havia transformado aquela dor.

Qual conselho você dá para uma pessoa que está passando por esse momento agora?
O melhor conselho é continuar vivendo. Tenha calma e vá sobrevivendo. Essa entrevista, por exemplo, não é para me promover. É porque ela pode ser útil para alguém, pode ajudar alguém. É por isso que eu também aceitei fazer o filme sobre o Chico Xavier.

Revista Época

comentários

  • Teresa Maria Barboza Gomes disse:

    Perdi minha filha a 4 anos com cancer no cérebro. Cada vez fica mais difícil sentir a falta dela. Atualmente ando revoltada, pois me sinto muito sozinha, pois sempre faziamos compras juntas, falavamos todos os dias por telefone. Quando vejo o filhinho dela, que hoje está com 6 anos me dá um aperto no coração, pois o que ela mais queria era um filho e fazia sempre muitos planos para ele. Não aguento mais de saudades, cada dia fica mais dificil. Dizem que o tempo abranda o coração, mas é mentira, pois cada vez fica pior a minha vida.
  • tania mendes disse:

    perdi o meu filho faz quatro meses asssassinado cruelmente ,sinto que morri ,uma parte de mim morreu junto com ele as vezes estou bem outras me sinto completamente acabada.Não faço mais plano para o futuro,nãosinto mais alegria, tornei-me uma pessoa medrosa.EU era firme criei os meus filhos bem dizer sozinha.Pois meu marido sempre foi omisso em tudo .Eu vivia dizendo que queria viver cem anos, hoje já não me importo com a vida. tenho mais um filho ,crio meu neto,finjo estar tranquila por eles para não tornar a casa triste .E não fazer omeu outro filho pensar que não o amo.Preciso continuar vivendo até quando chegar a minha hora.Meu neto me ajuda muito com sua alegria ,ais as vezes nem ele consegui me fazer esquecer mesmo por um minuto a falta que sinto do meu filho.
  • solange de mattos silva disse:

    olá perdi um filho dia 27 de julho de 2011 ele tinha só 17 anos faleceu de avc,hoje sinto muita saudades é Deus que me carrega no colo,hoje eu vivo pela fé!
  • Kátia disse:

    Perdi meu filho no dia 24 de julho de 2011 de acidente de carro em ipatinga minas gerais! Não aguento tanto sofrimento, estou muito revoltada é a maior dor do mundo perder um filho! Nada conforta meu coração, me ajude por favor! Que DEUS abençõe vcs! Um abraço!
  • ROSSANA RIBEIRO DOS SANTOS disse:

    Perdi meu filho de 21 anos no dia 27 de março de 2011, eu era evangélica, desde então não acredito mais em nada, hoje sou uma pessoa triste,amarga e revoltada pois o deus que eu servia não teve poder para salvar o meu filho, tudo que eu queria era morrer e se deus realmente existisse já teria me levado pois não tenho mais vontade de viver sem mais palavras.
  • Mara Costa disse:

    Olá Cristiane, sei de sua historia a muito tempo e a cada vez me emociono. Somente quando vejo Maria (mãe de Jesus) que tembém perde seu filho daquela maneira tão trágica e sofredora é que consigo dar uma resposta a sua dor. Nosa Senhora perdeu seu filho e adotou toda a humanidade que corre a seus pés. Tenha força, Maria mãe dos aflitos estará sempre ao seu lado te dando forças, acredite nisso. Mara
  • deizi disse:

    perdi meu filho com 2meses de idade,já tem 4anos e até hoje sofro muito,como se uma parte mim fosse embora.Ele ficou pouco tempo comigo,mas foi muito intenso,sinto sua presença em minha vida.Sei que um dia vamos nos encontrar novamente.
  • Cristiane Zupo disse:

    Perdi minha filha de 17 anos há 36 dias,em 48 horas,os medicos não sabem do que ela morreu, a única coisa que sei é que a sobrevivência é insuportável, ainda não consegui ter fé, não consigo rezar, só tenho uma tristeza profunda e a dor se torna fisica.
  • FRANK CESAR disse:

    ACESSE OU CLICK http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=3Sd9o0d8svM Terceiro Dia Resgate Se sentir de luto até que um dia isso passe Luto até que isso passe um dia Eu pensei que nunca mais Nunca mais mesmo O que a vida me reservaria No terceiro dia, ele se levantou como vivo No terceiro dia, não haviam mais lágrimas No terceiro dia, diante de homens, anjos e demônios Ele trouxe a vida de volta pra nós Todos já se levantavam e voltavam pra trás Não havia mais ninguém ali O inferno festejava, parecia o seu dia Mas havia alguma coisa guardada.
  • andreia de souza miranda disse:

    perdir meu filho tem 11 dias ,é a pior dor que o ser humano pode sentir, dia 6 de novembro ele completaria 20 anos. minha vida perdeu o sentido, mas preciso continuar para cuidar dos outros filhos.
  • Letânia Alves de Almeida disse:

    Perdí um irmão com 21 anos e a pouco tempo minha mãe, realmente só sabe o tamanho da dor quem passa por isso, não seremos mais felizes totalmente, mas são coisas que acontecem nessa viagem de trem (vida). Meus sentimentos, já te admirava como atriz e agora ainda mais como ser humano. DEUS lhe der forças para continuar nessa viagem (vida). Abraço.
  • ANA PAULA disse:

    A DOR DE PERDER UM FILHO E INEXPLICAVEL,NUNCA PASSA,E VOCE NUNCA SUPERA.
  • JÚLIO BASÍLIO DO NASCIMENTO FILHO disse:

    A PAZ DE JESUS A TODOS OS PAIS QUE PERDERAM FILHOS. MEU FILHO PARTIU PARA O SENHOR JESUS EM 2009 AOS 18 ANOS. ELE SOFRIA DE UMA CARDIOPATIA COMPLEXA E RARA(TRUNCUS ARTERIOSUS). SOFRI MUITO E AINDA SOFRO DE SAUDADE, POIS COMO MÉDICO NADA PUDE FAZER. ELE VAI CONTINUAR SEMPRE SENDO MEU FILHO, PORQUE A BÍBLIA GARANTE QUE ELE VAI RESSUCITAR E AÍ NOS ENCONTRAREMOS NOVAMENTE NUM LUGAR ONDE NUNCA HAVERÁ, CHORO, MORTE, FOME NEM SEDE. GLÓRIAS AO SENHOR JESUS DE NAZARÉ, O ETERNO QUE DESTRUIU O IMPÉRIO DA MORTE. ACEITEM-NO COMO ÚNICO SALVADOR E A BÍBLIA COMO A VERDADE DE DEUS.
  • Carla F Walger Oliveira disse:

    Cristiane acredito que tudo tem uma razão de ser e não adianta tentar entender... Fazem 3 meses que meu filho partiu para o outro lado, ele tinha 14 anos e teve problemas de coração sem nunca ter apresentado sinais de doença, era um esportista. Eu não sabia da sua perda e hoje li sua entrevista em uma revista recente e me deparei também com a sua dor. É uma dor que não tem nome e como vc explica não existe conselho ou bula para passar por este momento, é um dia de cada vez... Seu trabalho na novela A viagem me intrigou muito,na época eu não tinha conhecimento e informações de que a vida continua do outro lado. Me lembro tb da mãe que vc interpretou no filme do Chico Xavier, viu ? nada é por acaso. espero conseguir seguir seu exemplo, continuar a vida, ter forças para novos desafios. Como filho único ainda estou perdida no que fazer, mas a cada novo dia Deus me dá forças para seguir em frente. Não seremos as primeiras e nem as últimas a passar por esta perda e espero poder ajudar as mães de alguma forma, mas acredito em Deus e ELE sabe o que faz. Que vc com o seu admirável trabalho continue a nos proporcionar momentos de alegria. Parabéns pelo exemplo de mãe e mulher! um abraço e fica com Deus
  • Jaqueline Balzarini disse:

    Oi Cristiane, tenho 36 anos, te admiro desde pequena, me divertia com a Jô e o professor Fabio de a Gata Comeu. Assisti o filme Chico Xavier no cinema, e só hoje fiquei sabendo o que aconteceu com seu filho... Eu me emocionei muito na cena em que sua personagem lê a carta psicografada do filho; hoje eu entendo que, além de você ser uma excelente atriz, tinha uma emoção real naquela cena. Tenho 3 filhos e sempre ouvi da minha avó que somos preparados para perder os pais, e não os filhos. Perdi meu pai com 15 anos, e foi muito difícil, pois éramos muito unidos. Desejo a você tudo de bom, muita paz, muita luz, muita felicidade! Beijos.
  • virginia nogueira disse:

    Perdi uma filha com 20 anos, há 18 anos. Só uma mãe/pai que passa por uma perda tão dolorosa sabe avaliar a dor, o desespero e a saudade que ficam. É preciso aceitar que a missão da(o) nossa(o) filho foi cumprida aqui entre nós e tenhamos força para continuar dom a nossa. São os desígnios de Deus e, só nos resta acatá-los e agradecer a jóia que tivemos.
  • cleusa disse:

    tambem perdi um filho ha 5 anos atras ,,ele tinha 18 anos tambem de acidente ,sei a dor que a gente sente ,mas graças a Deus estou aquí firme e forte pra cuidar dos outros filhos que precisam muito de mim. a fé que tenho em Deus me ajuda muito no meu dia a dia. que ele te proteja e te dê muita força tambem.bjs sou sua fã, te adoro .
  • Geyse Maria Baracho disse:

    Fico imaginando que só Deus para dar tamanha força ao ser humano, para suportar uma grande dor dessas, fico muito sensibilisada com essa história, pois sou mãe e não saberia como suportar uma perda destas. Obrigada, Senhor. Oro pedindo muita força sempre, para a Cristiane em nome de Jesus que vive e reina para todo sempre Amém
  • carina disse:

    voçê e muito guerreira critiane, a minha mãe perdeu dois filhos um com 24,e outro com 22anos nâo sei da onde ela tira tantas forças para viver ,só deus nas nossas vidas que deus-lhe abençõe

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