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domingo, 29 de novembro de 2015

IMPRESSÕES DIGITAIS PROVAM A REENCARNAÇÃO? DR. FIORINI REINALDO ANDRADE





No Paraná o delegado de Policia João Fiorini perito em identificação realiza pesquisas de
ponta sobre vidas passadas

"Mamãe, eu morri num rio...." a frase dita a alguns anos por Felipe (nome adotado para este relato) ao passar sobre uma ponte, chocou sua mãe, que aqui chamaremos de Amélia. O menino, que desde muito cedo manifestava um grande medo do mar, tinha na ocasião apenas dois anos de idade e a família morava em Santos, litoral de São Paulo. Hoje, Felipe tem treze anos e mora com a família na cidade paulista de Jarinu. Já não se lembra mais dos detalhes da estória que contava aos atônitos pais : a de que havia vivido em Campos de Jordão, que se chamava na ocasião Augusto Ferreiro, que mexia com ferragens e cavalos e que havia morrido num acidente em que um automóvel Gol cor de vinho caberá num rio. Quando pequeno, o menino contava ainda detalhes da cidade serrana que não poderia conhecer – como o clima frio e a grande quantidade de flores azuis (hortênsias) nas ruas – já que a sua família atual jamais estivera ali.
O tempo passou e a família de Felipe nunca teve oportunidade de verificar a veracidade da estória. Até que, em dezembro passado, ao assistir ao programa "Espiritismo Via Satélite", hoje "Visão Espirita", no canal executivo da Embratel, dona Amélia conheceu o entrevistado daquele domingo, Dr. João Alberto Fiorini de Oliveira, delegado titular do Serviço de Registros Policiais para Investigações em Curitiba - Paraná. E quando soube que ele realiza pesquisas de casos de reencarnação, utilizando-se de técnicas avançadas de investigação, não teve duvidas: mandou um fax contando sua estória e pedindo o auxilio do perito.
O Dr. Fiorini interessou-se pelo caso e saiu a campo para investigar. Foi a campos de Jordão na semana do Natal de 2000 e, depois de muito procurar por pistas do tal Augusto Ferreiro – individuo que Felipe dizia ter sido em encarnação anterior – não logrou êxito. Consultou registros na Prefeitura , delegacia, cemitério, hospitais... e nada . Nenhum sinal daquele senhor. Até que, passando próximo ao teleférico num ponto de charretes (que em Campos de Jordão desempenham a função de táxi), decidiu parar e indagar aos carreteiros mais idosos.
- "Perguntei a um deles, chamado seu Antônio, se havia conhecido um tal de Augusto Ferreiro. Ele respondeu:" - conheço !, conta Fiorini. "Fiquei perplexo". Tudo indicava, portanto, tratar-se de um caso de paranormalidade, mas não de reencarnação já que Augusto Ferreiro continuava vivo. Fiorini, então, telefonou para a mãe de Felipe e relatou-lhe o fato. Ela por sua vez, contou a estória ao seu filho, que teve uma reação inusitada: entrou em um estado de profunda agitação, quase de pânico, ao se lembrar do verdadeiro Augusto Ferreiro.
Diante disso, Fiorini decidiu ir à procura desse personagem que, nesta altura dos acontecimentos, era a única pessoa capaz de decifrar o enigma. Voltou, então, ao ponto de charretes e, retomados os contatos, foi levado a residência daquele senhor.
Ali, numa casa simples, distante sete quilômetros do teleférico, Fiorini encontrou um ancião de 80 anos que o atendeu com cortesia, mas bastante desconfiado. Soube, então, que Augusto Ferreiro era um apelido. Sue nome verdadeiro é José Chagas, embora ninguém o conheça como tal, ganhara o apelido de Augusto ainda bebê, quando uma outra criança que havia nascido no mesmo dia que ele – esta sim chamada de Augusto – falecera dois dias depois. O "sobrenome" Ferreiro só veio muito mais tarde, quando passou a trabalhar com charretes, metais, ferraduras.... Feitas as apresentações, travou-se o seguinte dialogo:
Eu trouxe aqui um documento – principiou Fiorini, entregando-lhe o fax que a mãe de Felipe lhe havia enviado com o relato da historia - e gostaria que o senhor o visse e me desse algumas informações.
Augusto Ferreiro dispôs-se a colaborar.
Esse menino – prosseguiu o delegado – esta dizendo que é o senhor. É claro que está enganado ! Mas existe alguém na sua família que morreu afogado num rio ?

Não, foi a resposta categórica – não existe.

Bem, então como explica que um menino que nunca ouviu falar do senhor saiba seu nome, a cidade onde mora e como é essa cidade, mesmo nunca tendo estado aqui ?

Eu não sei – respondeu, sincero, o distinto senhor - Eu não sei nada sobre esse assunto- finalizou .
Fiorini agradeceu e se despediu, frustrado. Mas, a perplexidade não havia sido só dele, soube-o mais tarde . Naquele dia, o velho Augusto Ferreiro não consegui conciliar o sono. Disse, posteriormente, que custou a dormir e, quando pegou no sono, sonhou com um neto seu, Fernando, que ele não via há quase quinze anos. Fernando era filho de uma de suas filhas, Cidinha, que morava em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. O que intrigou o senhor Augusto foi o fato de que o menino, no sonho, só lhe aparecia de costas. E, segundo ele, quando uma pessoa aparecia de costas - num sonho - era porque essa pessoa estava morta.
No dia seguinte, Augusto Ferreiro reuniu os filhos e contou-lhes a estória toda: o aparecimento em sua casa, na véspera, de um sujeito estranho contando uma estória igualmente estranha, de um menino que dizia ser ele e que havia morrido afogado. Depois, emendou o relato do impressionante sonho que tivera com Fernando, que há muito tempo não via, e perguntando-lhes se estavam escondendo algo sobre o neto.
Os filhos ficaram horrorizados. Entre confusos e encabulados, contaram ao pai que seu neto, Fernando, realmente havia falecido há vários anos - afogado - no rio do Boi, em Ubatuba, dragado por um tubo, ao cair de uma ponte que o próprio Augusto havia ajudado a construir. Na ocasião, a família deliberou esconder o fato do avô, para que ele não sofresse. Sim, era verdade, disseram-lhe os filhos, Fernando não estava mais entre eles.
Foi uma comoção geral e Augusto Ferreiro decidiu procurar o estranho que lhe visitara na véspera para contar-lhe o ocorrido. Mas, onde encontra-lo ? Decidiu, então, dirigir-se ao ponto de charretes e deixar recado para Fiorini procurá-lo, caso ele voltasse a passar por ali.
E foi o que ocorreu. No dia de Natal, Fiorini - que havia feito amigos entre os charreteiros - voltou para presenteá-los com panetones e vinhos. Foi quando recebeu o recado de Augusto Ferreiro e voltou a procurá-lo, ouvindo de sua boca a estória toda:
Há quinze anos, minha filha Cidinha teve um problema de tuberculose e eu fui buscá-la para fazer tratamento aqui em Campos. Ela veio e trouxe o filho, Fernando, que ficou comigo durante o período em que ela se tratava . Na época, um outro filho meu tinha um carro Gol cor-de-vinho e eles passeavam bastante pela cidade; só que esse carro não caiu no rio, não; foi destruído, tempos depois, num incêndio. Eu fazia carrinhos e brinquedos de boi para Fernando, que se afeiçoou bastante a mim, e eu a ele. Foi nessa época que ele conheceu o frio e as flores da cidade. Quando a mãe melhorou, voltaram para Ubatuba e, depois disso, eu nunca mais vi Fernando. Meus filhos contaram, agora, que pouco tempo depois de voltar para casa, meu neto - brincando num rio - foi dragado por um tubo, debaixo de uma ponte que eu ajudei a construir e morreu afogado. Eles esconderam essa estória de mim e só agora eu soube de tudo.
Mesmas digitais
A estória de Felipe, aparentemente, termina aqui. Fiorini gostaria de ter as impressões digitais de Fernando, o neto de Augusto Ferreiro, mas isso não será possível. Fernando faleceu aos seis anos de idade. Dois anos mais tarde, reencarnou em Santos, onde recebeu o nome de Felipe. Se fosse possível confrontar as digitais das duas crianças... Fiorini está convencido de que elas seriam idênticas. E esta seria a prova definitiva da realidade da reencarnação.
Essa, alias, é a polemica tese do Dr. João Fiorini : a de que carregamos as mesmas impressões digitais de uma encarnação à outra quando o intercurso – tempo decorrido entre uma encarnação e a seguinte – é relativamente curto.
Sabe-se que não existem dois seres humanos com as mesmas impressões digitais. Fiorini cita os estudos do medico Almeida Jr., já falecido, que foi professor de Direito da Faculdade do largo São Francisco, em São Paulo, e de Medicina Forense da Escola Paulista de Medicina. De acordo com esses estudos, numa relação sexual existem cerca de dezessete milhões de espermatozóides se debatendo para fecundar um dos óvulos da mulher. Isso resulta na espantosa cifra de possibilidades de combinações diferentes. Daí a improbabilidade de duas pessoas terem as mesmas digitais.
Não obstante, lembra Fiorini, existe - nos Estados Unidos - um serviço centralizado de cadastramento de pessoas com cinqüenta milhões de indivíduos registrados, todos com suas digitais. Pois bem, sempre que ocorre uma repetição de digitais, uma das pessoas envolvidas no episodio já faleceu. Jamais a digital se repete entre pessoas vivas. Como os americanos, de maneira geral, não acreditam na reencarnação, tudo para eles não passa de uma fortuita coincidência.
Segundo Fiorini, quando o período entre as encarnações é longo, as digitais acabam por sofrer a influência genética dos pais do reencarnado. Mas, se a reencarnação ocorre pouco tempo depois de desencarne anterior, a possibilidade de o períspírito manter as digitais inalteradas é bastante acentuada.
Neto de si mesmo
Entre os casos que estão sendo pesquisados pelo perito, está o de uma criança de Maceió, Alagoas, que segundo a família seria a reencarnação do próprio avô.
Também, neste caso, as evidências são significativas. A estória é a seguinte: um advogado de 80 anos de idade faleceu e, em sonhos de vários familiares, avisou que retornaria como seu próprio neto. Ocorre que esse advogado, quando tinha dezoito anos, sofreu um acidente durante uma caçada quando a espingarda que utilizava disparou por acaso e diversos chumbos alojaram-se em sua mão direita. Todos os chumbos foram removidos, menos um, que se instalara na junta do polegar direito; o que resultou numa deformidade local: seu dedo ficou torto puxando para a palma da mão.
O advogado faleceu em 1977 e depois dos avisos em sonho - de que voltaria - em 1999 nasceu seu neto, hoje com três anos de idade. Atualmente, a criança começa a apresentar o mesmo defeito de que seu avô era portador no polegar da mão direita. A família enviou para o Dr. Fiorini as impressões digitais do menino, tiradas rudimentarmente com batom, e xerox de um documento do advogado com sua digital. Numa analise preliminar, Fiorini – que é especialista em identificação – encontrou algumas semelhanças intrigantes, mas como a digital que existe no documento do advogado é aparentemente o polegar esquerdo – talvez devido à sua deformidade na mão direita – os sinais correspondentes na impressão digital da criança estão "espelhados", já que foi tirada da mão direita. Agora, Fiorini aguarda novas impressões digitais do menino, tiradas com maior técnica, para verificar se há - realmente - as tais correspondências.
Lembranças da guerra
Na cidade paulista de Riberão Preto, um outro caso curioso esta sendo investigado pelo delegado Fiorini. O menino Geraldo, (nome fictício) quando tinha apenas três anos e quatro meses de idade, voltou-se para sua avó e disse "Vó, quando eu era grande e você era pequenininha, eu era seu pai"... A frase, dita assim de supetão, deixou a pobre senhora abismada.
Hoje, Geraldo tem oito anos e, nesse período, muitas outras revelações sobre supostas vidas passadas foram feitas por ele, como a de que algumas das marcas de nascença que carrega no corpo são resultado de tiros que teria levado em outras vidas.
Ele vive tendo pesadelos, sempre relativos a guerra – diz Fiorini que, após investigações, descobriu que o bisavô de Geraldo, efetivamente, participou de uma luta armada, a Revolução Constitucionalista de 1932, quando levou um tiro na perna.
Geraldo traz uma marca de nascença na parte posterior da perna esquerda e outras quatro marcas semelhantes às de tiros; duas menores, como se os projéteis tivessem entrado por ali e, duas maiores, como se marcassem a saída dos disparos. Essas marcas maiores estão posicionadas na parte oposta da perna e em diagonal.
Uma informação dada pelo garoto, no entanto, parece não fazer muito sentido. Ele fala da sua participação numa guerra em 1968. Ora, a única guerra que acontecia naquela época, que se saiba, era a do Vietnã. Fiorini levanta uma hipótese:
Supostamente, ele teria sido um norte-americano nessa encarnação. Como o bisavô de Geraldo morreu em 1950 e a guerra do Vietnã aconteceu em 1968, portanto dezoito anos depois, é possível que Geraldo, realmente, tenha participado dela, já que a idade para alistamento militar nos Estados Unidos é de dezesseis anos. Nesse caso, essa seria uma encarnação intermediária entre a de Geraldo e de seu bisavô.
Analisando as digitais de Geraldo, de sua avó e de seu tio, Fiorini chegou a uma coincidência no tipo de "arco" dos dedos médio e indicador da mão esquerda de todos. Mas, para concluir a pesquisa, Fiorini precisa comparar as digitais do menino com as de seu bisavô. Em quanto isso não ocorre – as buscas estão em andamento - a expectativa permanece.
Divisor das águas
Além destes casos, Fiorini investiga outros igualmente intrigantes, como por exemplo, um que lhe chegou ao conhecimento por meio do conferencista espirita Henrique Rodrigues, de Belo Horizonte. É a estória de um sujeito Italiano chamado Giuliano Bonomi que, certa feita, procurou um pesquisador também Italiano, o professor Rancanelli, para lhe dizer que seu nome verdadeiro era Edward Schimit, que era um cidadão americano e que "durante um combate", entre 1939 e 1945, "dormiu" e depois "acordou" pequenino, numa casa Italiana, onde recebeu o nome com que agora era conhecido". Bonomi forneceu a Rancanelli os nomes dos atuais pais Italianos e dos pais americanos. O professor, que era católico e não acreditava em reencarnação, apenas anotou os dados numa ficha e anexou os retratos dos dois personagens: o italiano e o de sua suposta personalidade anterior, o americano.
Bonomi nasceu em Consenza, ao sul da Itália, em 1972. de posse dessas informações, Fiorini pretende dirigir-se aos dois paises, Itália e Estados Unidos, para pesquisar "in loco" este caso.
Com a documentação dos casos que já investigou e com as que se encontram em andamento, o delegado João Fiorini pretende escrever um livro que, acredita, será um divisor de águas na historia das pesquisas científicas de identificações. A comprovação documental da reencarnação, sem duvida, dará em salto qualitativo não só na investigação policial, como também – e principalmente – em outras áreas do conhecimento científico com ênfase para a Medicina e a Psicologia.
TÍTULO.: IMPRESSÕES DIGITAIS PROVAM A REENCARNAÇÃO? – DR. FIORINI
POR.: REINALDO ANDRADE
FONTE (CLIK AQUI): ESPÍRIT NET

sábado, 28 de novembro de 2015

MORTE DE UM FILHO: A SUPERAÇÃO DEVE SER BUSCADA DIARIAMENTE...


Desde o início da humanidade, somos alertados quanto a possibilidade de perder os pais, irmãos ou amigos para a morte e sempre nos falam que diante desse infortúnio, temos de ser fortes, pois não há nada que se possa fazer.

Mas na verdade, nunca estamos preparados quando acontece. A morte é a única certeza que qualquer ser vivo tem. Quando ocorre a morte de filho, o impacto é ainda maior, pois não se perde um ente querido, mas, um pedaço de si mesmo, que se vai sem volta, é um pedaço da alma que se parte em milhares de pedaços e nem o tempo, com sua sabedoria milenar, parece capaz de juntar e colar tais retalhos.

Mas, como o mundo não pára e o ciclo da vida continua, é preciso aos poucos juntar o que restou emendar, como puder e mesmo com as eternas feridas abertas, tentar seguir o caminho.

Até nos registros bíblicos, a morte é relatada de acordo com o ciclo natural: nascer, crescer, procriar, para só então morrer. E se isso acontece fora dos padrões, o sofrimento é ainda maior, como se o ocorrido fosse fora de hora, inaceitável.

Surgem sempre as perguntas; Se eu tivesse feito isso... Por quê? Quando a morte do filho é de acidente, é mais comum ainda, a família, principalmente os pais, se culparem por não conseguirem impedir a tragédia.

O desespero diante do inesperado é ilimitado e no caso das mães, muitas vezes, uma internação hospitalar, ou acompanhamento psicológico e tratamento medicamentoso se faz necessário.
O luto familiar nunca acaba, é para sempre, mas, como já foi dito antes, é preciso seguir em frente, reencontrar o eixo de apoio entre os membros familiares. É o momento da união, solidariedade, companheirismo e principalmente hora de se resgatar a fé. Sem fé em Deus, nada se consegue nesses momentos de angustia.

Seja qual for a forma de expressar essa fé, com certeza será válida. É preciso se conscientizar de que esse luto não acabará jamais, só mudará de intensidade, deixando que as outras coisas retomem aos poucos, seu lugar.

Diante do infortúnio é natural que a pessoa passe por:
- Estado de choque- onde a mente se refugia em mecanismos de defesa, negação da realidade.
- Realidade, como se estivesse desconectada. É quando "ainda não caiu a ficha".
- Revolta - A autopunição, a procura de motivos concretos ou culpados pelo ocorrido.
- Depressão - desilusão, tristeza, desinteresse em continuar vivendo.

Mas é preciso reaprender a sorrir para o mundo.


Algumas atitudes contribuem para encontrar forças e retomar a vida
- Volte a cuidar de você, de sua saúde.
- Jamais se culpe pelo que aconteceu.
- Tente voltar gradativamente à rotina de trabalho, atividades físicas em companhia de alguém
- Apóie- se sem medo na fé. Só Deus faz o impossível
- Tenha fé na vida- ela pertence a Deus e com tal ele sabe o porquê de tudo.
- Procure ajuda profissional ou grupos de apoio se for preciso.
- A superação deve ser buscada diariamente, na força da fé e no interior da cada um dos envolvidos. Viva um dia de cada vez, não tenha pressa, pois quando se trata de sentimentos, o tempo é sábio e grande aliado.

Chore o que tiver para chorar, faz bem, mas não feche seu coração para o mundo, nem perca a oportunidade de reaprender a sorrir. Principalmente, se você tem outros filhos, eles ainda precisam de você.
Graça Campos

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MORTE CEREBRAL: ASPECTOS MEDIÚNICOS E ESPIRITUAIS




O tema relativo à morte cerebral tem sido largamente discutido na atualidade, motivado por dois principais aspectos. O primeiro diz respeito ao prolongamento da vida de pacientes que agonizam, por vezes durante semanas, até mesmo meses, em unidades de tratamento intensivo, quando recursos de alta tecnologia podem ser empregados com finalidade de prolongamento da vida física. O segundo relaciona-se com a doação de órgãos para transplante, discutido em toda a imprensa de nosso país, em virtude da recente lei que passou a considerar a todos como doadores potenciais, caso não se manifestem previamente em contrário.
Como se sabe, há casos de transplantes, como o do coração, por exemplo, em que o órgão precisa ser retirado do doador, estando esse ainda com vitalidade, caso contrário o transplante não se faz com sucesso. A questão que surge, então, e que tem sido alvo de discussão por parte da sociedade, é a da determinação do momento da morte.
Tradicionalmente, a morte sempre foi associada à parada dos batimentos cardíacos, desde épocas remotas. Com o tempo e os avanços da Fisiologia, o cérebro foi ganhando mais importância do que o coração, na consideração do diagnóstico de morte. A primeira definição de morte encefálica foi divulgada por volta de 1968 por uma comissão especialmente criada para essa finalidade na Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos. Essa comissão deslocou o conceito de morte da parada cardíaca para a morte encefálica.
A legislação brasileira sobre o assunto decidiu que o diagnóstico de morte encefálica deveria ser definido pelo Conselho Federal de Medicina, o que resultou na Resolução n° 1346-91.
Mais tarde, os critérios foram aperfeiçoados pela Resolução n° 1480-97, do Conselho Federal de Medicina, atualmente em vigor. Além de estabelecer critérios clínicos precisos para diagnóstico, a Resolução do CFM recomenda, ainda, para pacientes acima de dois anos de idade, a realização de exame complementar dentre os que analisam a atividade circulatória cerebral ou sua atividade metabólica. Para pacientes acima de uma semana de vida, até dois anos de idade, sugere-se a realização de um eletroencefalograma, com intervalos variáveis de acordo com a idade.
Tal recomendação é oportuna e revela uma grande cautela, porque em vários outros países, inclusive nos Estados Unidos, curiosamente, tais exames complementares são dispensados pela lei, e o diagnóstico de morte cerebral é feito somente com base no exame clínico.
O diagnóstico de morte cerebral, entretanto, não impede e nem dispensa a adoção de qualquer atitude terapêutica pertinente, na opinião da maioria dos neurologistas. Significa, apenas, para o momento dos nossos conhecimentos médicos, "a impossibilidade do retorno à vida".
No futuro, é possível que critérios de morte encefálica possam ser modificados, pois a Ciência avança a cada dia.
Novidades acontecem, e já há até quem defenda certas técnicas de hipotermia (abaixamento da temperatura do corpo), que teriam a possibilidade de recuperar casos antes tachados de irreversíveis. Todavia, esse é o modo como os neurologistas encaram o problema atualmente.
E do ponto de vista espiritual, o que podemos dizer?
Em 1857, quando da publicação de O Livro dos Espíritos, a humanidade ainda não se defrontava com transplantes e UTIs, de forma que não há referências a essas questões no Capítulo III, da Segunda Parte, que trata da volta do Espírito ao Mundo Maior. Os Espíritos Superiores fixam o instante da morte no momento em que, "rompidos os laços que retinham o Espírito, ele se desprende" (O Livro dos Espíritos, questão n° 155).
Evidentemente que nenhum método diagnóstico utilizado pela medicina é capaz, até o momento, de precisar o instante em que o Espírito se desprendeu do corpo físico definitivamente. Os métodos de que dispomos nos informam que o cérebro está impossibilitado de expressar o Espírito, somente isso.
Por outro lado, a questão n° 156 diz que "na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais que a vida orgânica...", sugerindo que o desprendimento já ocorreu, a desencarnação já se consumou, embora o coração continue a bater.
Conseqüentemente, do ponto de vista espiritual, tanto o corpo pode funcionar, tendo a desencarnação já se efetivado, quanto pode ocorrer a morte cerebral e o Espírito não ter ainda efetivado sua liberação total da carne.
A morte cerebral, no atual estágio dos nossos conhecimentos, representa apenas uma impossibilidade/irreversibilidade de expressão via corpo físico, mas não representa o instante da desencarnação, nem a garantia de que o Espírito já tenha partido definitivamente. A pergunta l56 diz que a situação descrita (desprendimento do Espírito com o corpo ainda funcionando) acontece algumas vezes e não todas as vezes.
Por isso mesmo, temos de encarar tal questão com bastante cautela e humildade, reconhecendo, como em muitas outras questões, que será necessário aguardar mais um pouco para o surgimento de informações mais esclarecedoras. Até lá, prudência e paciência são o mais aconselhável.
Não se pretende aqui a defesa do prolongamento artificial, muitas vezes agressivo e doloroso, do paciente indubitavelmente agônico; mas recomenda a Ética que medidas básicas sejam empregadas para deixar que a Vida decida pela permanência ou não do indivíduo no corpo físico.
A doação de órgãos é sublime, na medida que uma vida física inviável proporciona vitalidade a outra com possibilidades de permanência no campo físico. Entretanto, tal doação precisa respeitar, em primeiro lugar, a existência que está findando, caso contrário não podemos garantir que o ato ocorreu dentro de um sentido ético, ainda mais levando em conta a correria desenfreada que se instalou na busca por um transplante.
Eutanásia e homicídio são situações delicadas frente às Leis Divinas. Avanços da Ciência e mais informações da Espiritualidade auxiliarão os homens, com certeza, a definir melhor certos pontos ligados à morte cerebral e ao momento do desenlace, que não estão ainda devidamente - do ponto de vista espiritual - esclarecidos.
Boletim do SEI – nº 1569 – 256/4/98.
(Jornal Mundo Espírita de Julho de 1998)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

POR QUE DÓI TANTO?





Não há quem caminhe pelas estradas da vida sem que cruze, em algum momento, pelos caminhos da dor. Em um mundo inconstante, onde as certezas são relativas, a dor é processo quase que inevitável.

Algumas vezes, ela vem carregando consigo a separação de quem amamos, pelo fenômeno da morte. Outras vezes é a doença que se instala, no nosso ou no corpo alheio.

Outras ainda, a dor é o revés financeiro, que nos perturba a mente e desfaz alguns planos.

Seja qual for sua origem, a dor vai sempre provocar momentos de reflexão e análise. Ela é o freio que a vida faz em nosso cotidiano, em nossos valores, em nossas manias mesmo, provocando o questionamento das coisas da vida e dos caminhos que percorremos.

Nesse questionamento, alguns optam pelo caminho da revolta. São os que maldizem a Deus, que se vêem injustiçados, pois não mereciam tal desdita, que não vêem utilidade nenhuma na dor, a não ser o sofrimento pelo sofrimento.

Outros utilizam a dor como aprendizado. São os que entendem os mecanismos de Deus como justos, e Deus como infinitamente amoroso para cada um de nós. Isso porque se Deus é a síntese maior do amor, certamente Seus desígnios são pautados pelo amor.

As perguntas: Por que comigo?, Será que eu mereço isso?, ou Para que tudo isso?, são os anseios de nossa alma a tentar entender as Leis da vida.

É necessário que repensemos qual o papel da dor para cada um de nós. Ela não é simples ferramenta de castigo de Deus, ou ainda, obra do acaso.

Um Deus amoroso jamais agiria por acaso, ou castigaria Seus filhos.

Toda dor que nos surge é convite da vida para o progresso, para a reflexão, para a análise de nossos valores e de nosso caminhar.

Sempre que ela surge, traz consigo a oportunidade do aprendizado, que não se faria melhor de outra forma, caso contrário, Deus acharia outros caminhos.

Não que devamos ser apologistas da dor, e buscá-la a todo custo. De forma alguma. Deus nos oferece a inteligência, e os recursos das mais variadas ciências, para diminuir nossas dificuldades e dores.

Assim, para as dores da alma, devemos buscar os recursos da psicologia e da psiquiatria. Para as dificuldades do corpo físico, os recursos clínicos ou cirúrgicos.

Porém, quando todos esses recursos ainda se mostrarem limitados, a dor que nos resta é nosso cadinho de aprendizado. A partir daí, nossa resignação dinâmica perante os desígnios da vida nos ajudará a entender qual recado e qual lição a vida nos está oferecendo.

Quando começarmos a entender que a dor sempre vem acompanhada do aprendizado, começaremos a entender melhor a música da vida, e qual canção ela está nos convidando a aprender a cantar.

Afinal, nada que nos aconteça é obra do acaso. Somos herdeiros de nós mesmos, desde os dias do ontem, e hoje inevitavelmente nos encontramos com nossas heranças.

As carências de hoje é o que ontem desperdiçamos, e as dores que surgem são espinhos que colhemos agora, de um plantio que se fez deliberadamente nos caminhos percorridos.

A dor é mecanismo que a vida nos oferece de crescimento e aprendizado. Porém ela somente será necessária como ferramenta de progresso enquanto o amor não nos convencer e tomar conta do nosso coração.

A partir de então, não mais a dor será visita em nossa intimidade, pois toda ela estará tomada em plenitude pelo amor, que, como bem nos lembra o Apóstolo Pedro, é capaz de cobrir a multidão dos pecados.


Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

NÃO PERDEMOS NINGUÉM


Agostinho de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho, um dos grandes pensadores do Cristianismo, escreveu certa feita:
O amor não desaparece jamais.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês, continuarei sendo; me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste.
Continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho.
* * *
Nas reflexões profundas do filósofo, constrói-se o entendimento da Imortalidade e continuidade da vida.
Como um barco que veleja num largo rio para aportar na outra margem, assim se dá a viagem para a Imortalidade, quando nos desfazemos do corpo físico.
Morrer, efetivamente, não existe. Morre o corpo, nós permanecemos.
Morre a matéria, que se transforma, se decompõe, para originar outros corpos.
Porém, nós permanecemos, carregando para o lado de lá da existência tudo aquilo que temos guardado na intimidade da mente e do coração.
Assim, a despeito do corpo físico, que aqui permanece, a vida continua e somos os mesmos.
Afinal, como alega Santo Agostinho, o fio não foi cortado.
E os que partem antes de nós não estão longe, apenas do outro lado do caminho.
Dessa forma, diferente do que comumente alegamos, não perdemos ninguém.
Os amores que nos antecedem, não se perderam, apenas estão no outro lado da margem.
De forma alguma faz algum sentido afirmar, como costumeiramente fazemos:Perdi meu pai, perdi meu companheiro.
Eles vivem na mesma intensidade e mais plenamente que nós, que ainda permanecemos vinculados a um corpo físico.
Afinal, não somos o corpo que habitamos.
Este é apenas morada momentânea, a fim de nos dar oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal.
Quando a Providência Divina entender ser o melhor momento, o deixaremos, para retornarmos para casa, para o mundo espiritual.
O desvincular-se do corpo físico é retorno para casa, é voltar para o mundo do Criador, deixando o mundo das criaturas, como afirma Santo Agostinho.
* * *
Nos momentos de tristeza e dor, utilizemos a prece, a oração, como ferramenta de apoio e consolo.
Quanto aos nossos amores, estaremos sempre vinculados a eles pelo pensamento e pelo sentimento.
Orar por eles, lembrar deles com ternura, carinho, reconhecimento, é o maior presente que podemos lhes oferecer, enquanto a distância nos impede o encontro.
E na saudade, lembremos do grande pensador de Hipona:
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Afinal, o amor não desaparece jamais.

Redação do Momento Espírita.
Em 17.11.2015.

DEIXO AQUI A MINHA HOMENAGEM AO PAI DOS MEUS FILHOS QUE FALECEU DIA 09/11/15 NUM TRÁGICO ACIDENTE ÁEREO, SENDO A 3ª TRAGÉDIA FAMILIAR EM QUATRO ANOS, DEIXANDO NÓS TODOS SEM SABER O PORQUE DE TANTO SOFRIMENTO, SÓ NOS RESTANDO ACEITAR A VONTADE DE DEUS E REZAR MUITO PARA QUE ELES 3 E MEU PAI ESTEJAM TODOS JUNTOS E EM PAZ...

VAI EM PAZ MAURO, TENDO A CERTEZA DE QUE FOI MUITO AMADO AQUI POR TODOS NÓS....

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

HOJE 4 ANOS SEM VOCÊ MEU FILHO..



Vem meu filho,
Deixa eu esconder meu rosto em suas asas,
Perder minha cabeça em seus braços
Me abrace forte meu filho.
Deixe-me chorar
Molhar seu ombro com minhas lagrimas
de dor e de saudade.
Perdoe-me meu filho, meu menino
Dos minutos que perdi de estar ao teu lado
Se eu pudesse ao tempo voltar...
Impedir o que iria acontecer
Eu juro meu filho
Que não perdia tudo que agora julgo ter perdido.
Se ao menos eu pudesse poder lhe abraçar de novo
Acariciar seu rosto tão lindo e estar com você
Um pouquinho mais...
Poder dizer a você, o quanto eu o amo
o quanto você é importante para mim.
Filho querido, quanto tempo eu perdi
de desfrutar de sua companhia.
Agora já não está mais aqui
Mas estará sempre presente em meu coração
Me abrace meu filho, bem forte
De onde quer que você esteja
A dor que invade meu coração
Me faz chorar, me faz gritar, não poder, você escutar.
Estarei orando por você
Descanse em paz lado de Jesus...
Sua mãe, com amor e saudade...

Hoje fazem 4 anos que você se foi, deixando saudades que serão eternas, minha vida nunca mais será a mesma sem você, afinal ninguém sobrevive sem metade de seu coração...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A MORTE:




Porque a morte propicia tanto sofrimento e catadupas de pranto, acarretando desespero no mundo, é válido lembremos que:
a semente morre para que surja a plântula tenra;
transforma-se a ostra, de modo a produzir a pérola preciosa;
estiola-se a flor, emurchecida, a fim de que provenha o fruto que guarda, na essência, o sabor;
morre o dia nas tintas do poente, de modo que o véu cintilante da noite envolva a Terra;
morre a noite, entre as lágrimas do orvalho, para que o manto aurifulgente do dia consiga embelezar a amplidão;
o rio morre na exuberância do mar;
fana-se o homem para que se liberte o espírito, antes cativo.

À frente disso, vemos que a morte é sempre a chave que desata o perfume da vida.
Não há morte, essencialmente. Tudo é transformação, tudo é recriação...
A lágrima de agora se tornará sorriso.
A dor atual prepara a ventura porvindoura.
A saudade que punge hoje, fomenta o sublime reencontro de logo mais.
Morte é vida, agora o sabemos...

Habitue-se, caro coração, a refletir a respeito da morte, com serenidade e confiança em Deus, porque você não ignora que, por mais se aturda, desarvore ou se inconforme, essa é a única regra para a qual não se conhece exceção.

Prepare-se, amando e trabalhando no bem grandioso, até que você, um dia, igualmente se transforme em ave libertada da prisão – escola corporal.

A morte tão somente revela a vida mais amplamente.
Pense nisso.
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(Mensagem Psicografada por Raul Teixeira/Rosângela)

terça-feira, 3 de novembro de 2015

ANTES QUE SEJA TARDE:




É bastante comum pessoas, no leito de morte, desejarem aliviar a consciência.

Fazem confissões apressadas de erros passados, pedindo e esperando perdão.
Acreditam que, por estarem partindo, tudo será perdoado e esquecido. Não é verdade.

Em algumas circunstâncias, revelações das faltas cometidas deixam, nos corações dos que ficam na Terra, muita mágoa e azedume.

Mágoa e azedume que, como vibrações negativas, chegarão ao Espírito liberto, perturbando-o, na vida espiritual.

Outros, antevendo a proximidade da morte, apresentam suas últimas vontades.

Dessa forma, os que os assistem nessa hora final, ficam constrangidos a executá-las, gerando-lhes, por vezes, muitos incômodos.

Moribundos há que desejam falar, mas não dispõem de voz, debatendo-se em aflição.

Por tudo isso, pensa e age de forma diversa.

Se sabes que um dia a morte te arrebatará o corpo, providencia já o que acredites necessário.

Não faças, nem alimentes inimigos. Perdoa sempre.

Desfaz, quanto antes, o mal entendido, para que, depois da morte, não venhas a te perturbar, por causa de remorsos, que serão tardios.

Se desejas presentear alguém com o que te pertença, ou almejes adquirir, providencia de imediato.

Não aguardes o tempo futuro. Ele poderá não te chegar.

Faz testamento, regulariza a doação. Executa tua vontade, agora.

Se pensas em reparar erros do ontem, toma logo a atitude.

Não relegues a outrem o acerto dos teus desatinos. E, para que não te arrependas, depois da partida, não economizes palavras e gestos aos teus amores. Acarinha, abraça, beija.

Após o desenlace, poderás desejar o retorno para dar recados e falar do amor que nunca expressastes na Terra.

Poderá ocorrer que a Divindade não te permita. Ou que não tenhas as condições para a manifestação.

Ou não encontres a quem falar e dizer.

Por ora, podes falar e agir. Faze-o.

Depois da morte, precisarás contar com quem te interprete o pensamento, quem te deseje ouvir, te sintonize.

E lembra que se não semeares afeições e simpatias, enquanto no trânsito carnal, não terás frutos a recolher na Espiritualidade.

Nem quem te recorde no mundo.

Se almejas fazer o bem, servindo à comunidade, prestando serviço voluntário, engaja-te hoje ainda.

Não aguardes aposentadoria.

Dá hoje a hora que te sobra ou conquistas, entre os tantos compromissos agendados, porque poderá acontecer que não venhas a gozar os dias que esperas.

Ou que, por circunstâncias que independam da tua vontade, necessites alongar a jornada profissional por mais alguns anos.

Vive intensamente. Matricula-te no curso de idiomas, na aula de música, pintura, bordado.

Esmera-te no aprendizado para que, ao partir, leves contigo uma grande bagagem.
De braço dado com quem amas, realiza a viagem sonhada. E fotografa tudo com o coração, para não esquecer nenhum detalhe.

A máquina fotográfica poderá falhar, por defeito técnico ou inabilidade de quem a manuseia.

Mas o teu coração não esquecerá jamais o que viveu amorosamente.

Feito tudo isso, se a morte chegar, de rompante ou te abraçar de mansinho, poderás seguir sem traumas, sem medos, em paz.

E em paz deixarás os teus familiares, os teus amigos, os teus colegas e conhecidos.

Pensa nisso.
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Redação do Momento Espírita

ONDE ESTÃO NOSSOS AMORES?




Quando as sombras da morte arrebatam nossos amores, um punhal se crava em nosso coração.


A dor moral é tamanha, a sensação de perda é tão grande que o corpo inteiro se retesa e sente dores.


À medida que os dias se sucedem e as horas avançam, tristonhas, acumulando dias, a ausência da presença amada mais se faz dolorida.


Então, revolvemos nossas lembranças e no Banco de Dados da nossa memória, vamos recordar dos momentos felizes que juntos desfrutamos.


Recordamos das viagens, das pequenas coisas do dia a dia, dos aniversários, das tolices.


E até das rusgas, dos pequenos embates verbais que, por convivermos tão próximos, aconteceram, ao longo dos anos.


Se o ser amado é um filho, ficamos a rememorar os primeiros passos, as palavras iniciais, os balbucios. E a noite da saudade vai se povoando de cenas que tornamos a viver e a sentir.


Recordamos o dia da formatura, as festas com os amigos, as ansiedades antes das entrevistas do primeiro emprego. Tantas coisas a rememorar...


Acionamos as nossas recordações e, como um filme, as cenas vão ali se sucedendo, uma a uma, enquanto a vertente das lágrimas extravasa dos nossos olhos.


Se se trata do cônjuge, vêm-nos à lembrança os dias do namoro, os tantos beijos roubados aqui e ali, as mãos entrelaçadas, os mil gestos da intimidade...


Na tela mental, refazemos passos, atitudes, momentos de alegria e de tristeza, juntos vividos e vencidos.


Pais, irmãos, amigos, colegas. A cada partida, na estatística de nossa saudade, acrescentamos mais um item.


E tudo nos parece difícil, pesado. A vida se torna mais complexa sem aqueles que amamos e que se constituíam na alegria de nossos dias.


Vestimo-nos de tristeza e desaceleramos o passo da própria existência.


Como encontrar motivação para a continuidade das lutas, se o amor partiu?


Como prosseguir caminhando pelas vias da solidão e da saudade?
* * *
Nossos amores vivem e nos veem, nos visitam. Não estão mortos, apenas retiraram a vestimenta a que nos habituáramos a vê-los.


Substituíram as vestes pesadas por outras diáfanas, vaporosas. Mas continuam conosco.


Por isso, não contribuamos para a sua tristeza, ficando tristes.


Eles, que nos amaram, continuam a nos amar com a mesma intensidade e nos desejam felizes.


Por isso nos visitam nas asas do sonho, enquanto o sono nos recupera as forças físicas.


Por isso nos abraçam nos dias festivos. Transmitem-nos a sua ternura, com seus beijos de amor.


Sim, eles nos visitam. Eles nos acompanham a trajetória e certamente sofrem com nossa inconformação, nosso desespero.


Eles estão libertos da carne porque já cumpriram a parte que lhes estava destinada na Terra: crianças, jovens, adultos ou idosos.


Cada qual tem seu tempo, determinado pelas sábias Leis Divinas.
* * *
Quando as dores da ausência se fizerem mais intensas, ora e pede a Deus por ti e por teus amores que partiram.


E Deus, que é o amor por excelência, te permitirá o reencontro pelos fios do pensamento, pelas filigranas da prece, na intimidade da tua mente e do teu coração.


Utiliza essa possibilidade e vive os anos que ainda te faltam, com nobreza, sobre a Terra.
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Redação do Momento Espírita

NÃO MORRI, SÓ ESTOU DO OUTRO LADO DO CAMINHO








(...) Enquanto suas pernas estão firmes, corra ao encontro das pessoas que ama.

Enquanto seus braços estão fortes, enlace os seus amores, bem junto ao coração.

Enquanto sua mente está ágil e lúcida, escreva poemas, bilhetes, cartas e expresse todo o seu amor.

Enquanto sua voz soa forte e generosa, não deixe de falar com seus amigos, colegas. Cante, grite, sussurre palavras de afeto, de entusiasmo, de incentivo.

E nunca, nunca se envergonhe de declarar: Eu amo você.
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Redação do Momento Espírita

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(...) Chora teus mortos?

Então faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados:

Permitiu Deus que te libertasses antes de mim, e eu disso queixo-me por egoísmo, porque preferiria ver-te ainda sujeito às penas e sofrimentos da vida.
Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais venturoso no qual me precedeste.
Até breve e que Deus te abençoe, ser querido!
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Redação do Momento Espírita

ANTE O MAIS ALÉM:



Anseias pela manifestação dos entes amados que te antecederam na grande viagem da desencarnação.

Pondera, entretanto, relativamente à presença deles no plano físico, onde te encontras ainda, e remonta os cuidados que te recebiam nos instantes de luta e sofrimento: medicação para a enfermidade e entendimento nas horas de crise.

Aqueles que se afiguram mortos estão vivos. E todos os teus pensamentos, com respeito a eles, alcançam-lhes o espírito com endereço exato.

*

Imagina uma pessoa em desequilíbrio emocional que gritasse em lágrimas ao telefone, rogando consolo e coragem ao ente amado na outra ponta do fio, hospitalizado para tratamento de reajuste, a exigir bastas vezes socorro mais intensivo.

Decerto que os responsáveis pelo doente, de um lado, e pelo outro, o enfermo, à distância, tudo fariam para adiar o encontro solicitado, considerando que aflição mais aflição somariam apenas desespero maior.
*
Diante dos seres queridos domiciliados no Mais Além, reflete, acima de tudo, na infinita bondade de Deus, que nos empresta as afeições uns dos outros por tempo determinado, a fim de aprendermos, através de comunhões e separações temporárias, a entesourar o amor indestrutível que nos reunirá, um dia, na felicidade sem adeus.

E enquanto perdure a distância, do ponto de vista físico, cultiva a saudade nas leiras do serviço ao próximo, qual se estivesse amparando e auxiliando a eles mesmos, tanto quanto efetuando em lugar deles tudo quanto desejariam fazer. Assim construirás, gradativamente, a ponte de intercâmbio pela qual virão ter espontaneamente contigo, de modo a compreenderes que berço e túmulo, existência e morte, são caminhos da evolução para a vida imortal.
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Emmanuel
Chico Xavier

O TELEFONE MEDIÚNICO


Uns não acreditam nas comunicações dos espíritos, outros acreditam demais e querem obtê-las com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens? Muita gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender.

Não há dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se intensificam por toda parte. Nem todos os espíritos, porém, estão em condições de comunicar-se com facilidade. Além desazo, a manifestação solicitada pode ser inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado.

A morte é um fenômeno psicobiológico que ocorre de várias maneiras de acordo com as condições ídeo-emotivas de cada caso, envolvendo o que parte e os que ficam. A questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira clara a complexidade do processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam rapidamente do corpo, outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua possibilidade de comunicar-se.

Devemos lembrar ainda que os espíritos são criaturas livres e conscientes. Não estão ao sabor dos nossos caprichos e nenhum médium ou diretor de sessões tem o poder de fazê-los atender aos nossos chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem espontaneamente, e não raro de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que podem dominá-los. Já ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.

É natural que os familiares aflitos procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas convém que se lembrem da necessidade de respeitar as leis que regem as condições do espírito na vida e na morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de amor que só deve realizar-se quando conveniente para os dois lados. O Espiritismo nos ensina a respeitar a morte como respeitamos a vida, confiando nos desígnios de Deus. Só a Misericórdia Divina pode regular o diálogo entre os vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em favor dos que partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos pode conceder.

Muitos religiosos condenam as comunicações mediúnicas, alegando que elas violam o mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos. Esquecem-se de que os próprios espíritos de pessoas falecidas procuram comunicar-se com os vivos. Foi dessa procura de comunicação dos mortos, tão insistente no mundo inteiro, que se iniciaram de maneira natural as relações mediúnicas entre o mundo visível e o invisível. O conceito errôneo da morte, como aniquilamento ou transformação total da criatura humana, gera e sustenta essas formas de superstição. O Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos do Cristianismo puro, mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos libertar de erros e temores supersticiosos do passado.
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Irmão Saulo
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.

AUSÊNCIA DE NOTÍCIAS DOS ENTES AMADOS:


Ausência de Notícias

“Entre as causas que podem se opor à manifestação do um espírito, algumas lhe são pessoais outras lhe são estranhas. É preciso colocar entre as primeiras, suas ocupações ou as missões que cumprem, e das quais não pode desviar-se para ceder aos nossos desejos; nesta caso sua visita não é senão adiada.” (Cap. XXV – Segunda parte – Item- 275 - Livro dos Médiuns)

Embora permaneçam vinculados à Terra, nem todos os espíritos encontram-se em condições de comunicar-se mediunicamente com os que se demoram na luta física. Nem médiuns em número suficiente teríamos para tal cometimento, se os espíritos pudessem se manifestar como desejariam.

Quando desencarnam, os espíritos prosseguem em suas atividades no Mundo Espiritual: Alguns ascendem a regiões superiores da vida, em obediência aos impositivos da própria evolução, e outros precipitam-se nas regiões infelizes de onde não conseguem ausentar-se com facilidade.

Algemados a preconceitos de caráter religioso, dos quais não se libertam mesmo depois da morte, alguns espíritos recusam-se a “voltar” e manter contato com os que procuram saber como estão; outros reencontrando antigas afinidades, como que se “esquecem” dos laços consanguíneos a que se prenderam por determinado tempo...

Alguns desencarnados tentaram o difícil intercâmbio com os parentes e amigos, desistindo por não encontrar receptividade necessária ou contar com o interesse deles; outros, de acordo com as provações em que estejam envolvidos, como que se condenam ao silêncio, talvez justamente por ter ridicularizado semelhante oportunidade...

Enfim, são múltiplas as razões para a ausência de notícias da parte dos espíritos.

Alguns, se manifestam, certamente haveriam de complicar a situação dos que pelejam no mundo, culpando-os pelas dificuldades que faceiam deste outro lado da vida; outros abordariam assuntos “censurados” pelos benfeitores espirituais, de vez que não lhes assiste o direito de se utilizar de um médium para intranquilizar os homens...

Alguns simplesmente não se expressam porque, dentro de um período relativamente curto, são reconduzidos á reencarnação e outros, em se vendo fora do corpo, se revelam indiferentes aos companheiros da retaguarda material...

Juntando-se às razões anotadas aqui, carecemos de levar em consideração o problema do médium que não se encontra apto para estabelecer sintonia com todo ou qualquer espírito que dele se aproxima. Existe ainda a questão fundamenta da simpatia entre o médium, o espírito, e os familiares interessados na mensagem. Não raro, o espírito se envergonha de expor ao público, e o médium, por sua vez, teme não corresponder ás expectativas das pessoas que, normalmente são muito exigentes, não considerando as limitações naturais de um intercâmbio dessa natureza.

Grande parte dos comunicados de Além-túmulo acontece com a intermediação dos espíritos-médiuns, ou seja, dos espíritos que, em nome dos evocados e com a devida permissão dos benfeitores, transmitem os seus recados aos corações amados, saudosos de suas notícias. Allan Kardec, em O livro dos médiuns, faz uma consideração de suma importância: “...

Uma primeira conversa não é tão satisfatória que se poderia desejar, e é por isso também que os próprios espíritos, frequentemente, pedem para se chamados de novo. Pode acontecer, portanto, que numa primeira comunicação o espírito deixe a desejar; somente como o tempo, criando uma maior sintonia com o médium, ele irá se soltando mais, conseguindo se expressar com o desembaraço necessário.

Depois de certa insistência, através de um médium, na obtenção de notícias desse ou daquele familiar desencarnado, se a comunicação desejada não se concretiza, convém que as pessoas desistam ou, então, efetuem tentativas por um outro médium que ofereçam aos espíritos condições ideais. O que não é possível através de um médium, pode ser através de outro. Isto é perfeitamente compreensível.

Somos da opinião, que de um modo geral, as pessoas deveriam evitar obter mensagens de um mesmo espírito, através de médiuns diferentes. Temos visto muita gente perder a fé por isso.

Julgando os referidos comunicados contraditórios, porque não possuem o indispensável conhecimento doutrinário para discerni-los, acabam cavando o abismo da própria descrença.
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MEDIUNIDADE E EVANGELHO
Odilon Fernandes
Carlos A. Bacelli
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SOBRE A DESENCARNAÇÃO:




P: – Os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos apresenta nos preparam melhor para a desencarnação?

R: – O Espiritismo é o bê-a-bá da Vida Espiritual. Sabendo o que nos espera, será mais fácil enfrentar a grande transição. Imperioso reconhecer, porém, que o conhecimento espírita ajuda-nos no trânsito para o além, mas como chegaremos lá é uma questão eminentemente pessoal. Depende de como estamos vivendo, partindo do princípio evangélico de que aquele que mais recebe mais terá que dar.

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P:– As religiões, de um modo geral, apregoam a continuidade do ser espiritual que sobrevive à matéria. Apesar disso, as pessoas temem a morte. Por que isso acontece?

R: – É que a morte ainda é a grande desconhecida. As religiões tradicionais exaltam a sobrevivência, mas perdem-se em especulações teológicas, fantasiosas, quando cogitam de como seria a vida além-túmulo, recusando-se à iniciativa mais lógica, que seria a de conversar com os próprios mortos. É como se pretendêssemos imaginar como é a vida na França sem nenhum contato com os franceses. A ignorância sobre o assunto gera o temor. O Espiritismo ajuda-nos a vencer esse problema, porquanto começa exatamente onde as outras religiões terminam, devassando para nós o continente espiritual.

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P:– A morte ou a desencarnação libera o Espírito. Para onde ele vai? Quem o aguarda?

R: – A morte promove o encontro com a nossa própria consciência, para uma avaliação da experiência humana. Esse tribunal incorruptível determinará se seguiremos para regiões purgatoriais, onde, segundo a expressão evangélica, “haverá choro e ranger de dentes”, ou se nos habilitaremos a estagiar em comunidades diligentes e felizes, plenamente integradas no serviço do bem.

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P: – Como podemos ajudar o espírito que acaba de desencarnar, principalmente as vítimas de tragédias como acidentes automobilísticos, afogamentos, etc.?

R: – A morte não dói, mas impõe ao espírito certos constrangimentos e até aflições, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, trata-se do desligamento de um corpo material ao qual esteve vinculado por largos anos, colhendo por seu intermédio, experiências sensoriais que se entranharam em sua intimidade, e das quais não é fácil desvencilhar-se. Tais problemas são diretamente proporcionais à natureza da morte: quanto mais abrupta, mais intensos. E inversamente proporcionais à condição do Espírito que desencarna: quanto mais evoluído, menos intensos. Tudo o que podemos fazer em seu beneficio é orar muito, conservando a serenidade e o equilíbrio, confiando em Deus, porquanto o desencarnante é muito sensível às vibrações dos familiares. Sentimentos de revolta, desespero e inconformidade repercutem em seu psiquismo, dificultando o desligamento e atormentando-o na vida espiritual.

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P: – Nossos familiares desencarnados poderão continuar a nos ajudar, mesmo no mundo espiritual?

R: – Nossos amados não estão isolados em compartimentos estanques, no Além. Eles nos procuram, nos estimulam, nos amparam. Torcem por nós, esperando que sejamos fortes e fiéis ao bem, no desdobramento de nossas provações, a fim de que o reencontro mais tarde – tão certo quanto a própria morte – seja em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando abençoado porvir.

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P: – De que forma devemos lembrar nossos entes queridos que desencarnaram? Visitando suas sepulturas nos cemitérios?

R: – Cemitério não é sala de visita do Além. Ali há apenas a veste carnal, decomposta, de alguém que transferiu residência para a espiritualidade. Ele preferirá ser lembrado na intimidade do lar, com preces e flores abençoadas de saudade, sem espinhos de inconformidade, como o fazem as pessoas conscientes de que a morte não desfaz as ligações afetivas, nem situa nossos amados em compartimentos estanques. Eles continuam vivos, amando-nos mais do que nunca. Visitam-nos e nos ajudam, torcendo por nós, aguardando, com a mesma ansiedade nossa, o reencontro feliz na espiritualidade.

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P: – A criatura geralmente tem pavor da morte ou desencarnação, evitando comentar o assunto. Isso é um erro?

R: – Trata-se de uma atitude irracional, já que a morte é a única certeza da vida. Todos morremos um dia. O medo da morte, basicamente, é o medo do desconhecido. Por isso o Espiritismo elimina nossos temores “matando” a morte, na medida em que demonstra que ela é apenas um retorno à vida espiritual, nossa pátria verdadeira.

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P: – Por que acontecem desencarnações de crianças, que estão apenas iniciando a jornada terrena?

R: – É um problema cármico envolvendo o desencarnante e a família. A existência curta frustra as expectativas do Espírito, impondo-lhe uma valorização da jornada humana, não raro malbaratada no passado pelo suicídio. Os pais, por sua vez, podem estar comprometidos com seus desatinos, por tê-los estimulado ou favorecido. Não raro estão pagando pelo descaso e a irresponsabilidade em anteriores experiências com a paternidade. Pode ocorrer, também, que se trata de breve encarnação sacrificial, em que um Espírito superior convive por alguns anos com afetos queridos na intimidade familiar, fazendo do sofrimento decorrente da separação pela morte um vigoroso impulso no sentido de que os pais superem as ilusões da Terra e cultivem os valores do Céu.

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P: – Por que certos moribundos experimentam melhoras em seus quadros clínicos, a ponto de tranqüilizar os familiares, e instantes depois desencarnam?

R: – Quando a família não aceita a desencarnação, mergulhando no desespero, suas vibrações desajustadas promovem uma sustentação artificial do moribundo, que não evita a morte, mas prolonga a agonia. Os benfeitores espirituais promovem, então, com recursos magnéticos, uma melhora artificial. O paciente parece entrar num quadro de recuperação. Os familiares, mais tranqüilos, afastam-se, julgando que o pior passou. Afrouxa-se a sustentação fluídica retentora e inicia-se o irreversível processo desencarnatório. A sabedoria popular proclama: - “Foi a melhora da morte”. Na verdade, trata-se apenas de um recurso da espiritualidade para afastar familiares que atrapalham a desencarnação.

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P: - A certeza da continuidade da vida após a morte e as noções sobre a reencarnação ajudariam as pessoas a vencerem o sentimento de desesperança?

R: – Sem dúvida. Tais realidades descortinadas pela Doutrina Espírita, muito mais do que simples esperanças, nos oferecem segurança diante da vida e alegria de viver.
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Richard Simonetti
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UM APELO DOS DESENCARNADOS AOS QUE FICAM:






Muitos encarnados clamam desesperadamente pelos que partiram, vertendo lágrima de fel, quando não acalentando ideias de suicídio na enganosa ilusão de reencontrá-los. (...)

Há muito desassossego na vida psíquica dos desencarnados, toda vez que os
familiares não aceitam a separação ou procuram vingança, nos casos de desencarnação por assassinato, alimentando os sentimentos inferiores muitas envolvidos nesse processo. (...)

Inúmeros outros comunicantes falam da dificuldade de adaptação ao mundo
espiritual por causa da perturbação dos familiares. Esse desequilibrio, muitas vezes intenso, não lhes permite a própria renovação no plano em que se encontram.

Vamos destacar alguns trechos das cartas dos desencarnados nos quais solicitam a compreensão dos familiares diante da separação. São pontos muito úteis para o nosso próprio preparo diante da morte:

(1) “Vejo seu rosto sem parar, todo banhado em lágrimas sobre o meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço carregar ouvidos no coração.
Ah, Mamãe! Eu não tenho o direito de pedir ao seu carinho mais que sempre recebi, mas se seu filho pode pedir mais alguma coisa à sua dedicação, não chore mais.”
(Alberto Teixeira através de Chico Xavier )

(2) “As lágrimas com que me recordam, caem no meu coração por chuva de fogo, (...), o pensamento é uma ligação, que ainda não sabemos compreender.
Quando estiverem com as nossas lembranças mais vivas, comemorando acontecimentos, não se prendam à tristeza. (...) Posso, porém, dizer-lhes que estou com vocês dois, assim como alguém que carregasse no ouvido um telefone obrigatório. Não estou em casa, mas ouço e vejo quanto se passa.
Nosso amigos daqui me esclaressem que isso passará quando a saudade for mais limpa entre nós. Saudade limpa!. Nunca pensei nisso! Mas dizem que a saudade que se faz esperança no coração, é assim como um céu claro, mas a saudade sem paciência e sem fé no futuro é semelhante a uma nuvem que se
prende com a sombra e tristeza aqueles que dão alimento na própria alma.”
(Marilda Menezes através de Chico Xavier)

(3) “Estou presente, rogando à senhora que me ajude com a sua paciência.
Tenho sofrido mais com as suas lágrimas do que mesmo com a libertação do corpo. Isso porque a sua dor me prende à recordação de tudo o que sucedeu. E quando a senhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no silêncio do seu desespero, sinto-me de novo na asfixia”.
(William José Guagliardi através de Chico Xavier )

“Evidentemente que não vamos cultivar falsa tranquilidade, considerando natural que alguém muito amado parta para o plano espiritual. Por maior que seja a nossa compreensão, com certeza sofreremos muito. No entanto, devemos manter a serenidade, a confiança em Deus, não por nós mesmos, mas sobretudo em benefício daquele que partiu. Mais do que nunca ele precisa de nossa ajuda, e principalmente de nossas orações.”

VISÃO RETROSPECTIVA,NO MOMENTO DA MORTE:






Este é um dos fenômenos mais singulares que ocorrem em todos os casos de morte natural e, até mesmo, em algumas mortes subitâneas, por acidentes diversos.

A pessoa, nos instantes finais de sua existência, vê passar diante de si, como numa tela de cinema ou num monitor de vídeo, toda a Vida que está prestes a deixar. Os primeiros meses do renascimento, a pré-infância, a infância, a puberdade, a adolescência, a juventude e a fase adulta, tudo, tudo que foi experimentado em cada um desses estágios do desenvolvimento bio-psicológico do ser humano, vem à tona com uma riqueza de pormenores, absolutamente, incomum.

Deve-se este fenômeno ao registro minucioso feito pelo corpo perispiritual de todos os acontecimentos vividos pelo ser humano em cada uma de suas existências. Nada deixa de ser fixado pelo envoltório sutil da alma, e é, graças a essa transcrição minuciosa, que podemos, aqui mesmo, em nosso mundo e, mais tarde, na Vida Espiritual, lembrar-nos de todas as nossas existências pregressas.

Essa visão retrospectiva possibilita ao ser uma contemplação crítica e analítica de todas as ações por ele praticadas, durante a última existência, num prévio julgamento consciencial, com vistas à situação que ele merece na Pátria Espiritual.

Através desse retrospecto, pode o espírito avaliar a imensa distância que ainda o separa de um viver, realmente, pautado dentro da legislação divina. Por outro lado, verifica-se, também, que até o centavo que um dia doamos, como esmola, ao mais humilde dos pedintes, ali está registrado.

0 fenômeno é instantâneo. Acontece num átimo. O que mais importa, entretanto, não é a sua duração, mas a sua qualidade. Mesmo os segredos mais íntimos que, por vezes, o ser humano reprime para o seu inconsciente, vêm à tona com absoluta fidelidade, numa demonstração de que nada permanecerá enterrado, para sempre, nos porões da mente.

E isto apenas confirma as palavras de Jesus, quando disse:

Nada há oculto que não venha, um dia, a ser conhecido.

Nessa retrospectiva, os fatos negativos servem de advertência, e possibilitam ao espírito entrever as consequências cármicas que, no futuro, eles desencadearão. Isto nas almas -mais esclarecidas, com senso de responsabilidade e noções precisas de Vida Eterna e reencarnação. Já os fatos positivos, também recordados, servem como estímulo a um maior crescimento moral e espiritual nas novas dimensões da Vida em que a alma está penetrando.

0 grande vate português Luiz de Camões, em soneto célebre, afirma: - Numa hora, encontro mil anos e é de jeito que em mil anos não encontro uma hora... De fato, o tempo psicológico do espírito e suas vivências espirituais não são medidos exteriormente com os parâmetros habituais dos ponteiros dos relógios. Esse tempo não cronológico, representado pelo acúmulo de experiências vividas, só pode ser avaliado, interiormente, em visões retrospectivas, no instante da morte, ou nos estados de emancipação da alma. No sonho, no sono hipnótico ou sonambúlico, é perfeitamente possível ao espírito reviver, em segundos, fatos que ocuparam, por vezes, metade de uma existência.

Ao despertar no Além e na posse integral dessa visão panorâmica de sua última existência, o espírito transformar-se-á no grande juiz de si mesmo, no tribunal silencioso de sua consciência...
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Equipe do CVDEE

Cap. 25 do livro Morrer e Depois
Autor: Waldo Lima do Valle

LUGAR DEPOIS DA MORTE:




Muitas vezes perguntas, na Terra, para onde seguirás, quando a morte venha a surgir…

Anseias, decerto, a ilha do repouso ou o lar da união com aqueles que mais amas…

Sonhas o acesso à felicidade, à maneira da criança que suspira pelo colo materno…
Isso, porém, é fácil de conhecer;

Toda pessoa humana é aprendiz na escola da evolução, sob o uniforme da carne, constrangida ao cumprimento de certas obrigações;

Nos compromissos no plano familiar;

Nas responsabilidades da vida pública;

No campo dos negócios materiais;

Na luta pelo próprio sustento…

O dever, no entanto, é impositivo da educação que nos obriga a parecer o que ainda não somos, para sermos, em liberdade, aquilo que realmente devemos ser.

Não olvides, assim, enobrecer e iluminar o tempo que te pertence.

Não nos propomos nivelar homens e animais, contudo, numa comparação reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outros da natureza trazidos ao regime do espírito encarnado na esfera física.

O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre à pastagem, onde se refocila na satisfação dos próprios impulsos.

A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico, se for libertada, desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio veneno.

O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imundice.

A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se, torna, incontinenti, à colmeia e ao trabalho.

A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da grade, voa no rumo da primavera.

Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.

Emmanuel...

SOBRE O AUXÍLIO NO DESENCARNE:




Auxilio-no-Desencarne! O que os Espíritos dizem sobre a ajuda espiritual, na hora do desencarne? O Livro dos Espíritos trata deste tema no item Separação da Alma e do Corpo. Também André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna, nos fala sobre o auxílio dos Espíritos no desencarne.

ANDRÉ LUIZ, EM OBREIROS DA VIDA ETERNA

SOBRE A APARENTE MELHORA ANTES DO DESENCARNE

"É comum ouvir narrativas de pessoas que apresentam aparente melhora, no dia do desencarne, ou na véspera.

Os espíritos providenciam temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar a mente aflita daqueles que o amam. As correntes de força, exteriorizadas por aqueles que não querem o desencarne do ser amado, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração".



SOBRE O CHORO E A INCONFORMIDADE DIANTE DA MORTE

"O choro e os cuidados dos que velam os moribundos emitem forças de retenção amorosa capazes de prendê-lo em vasto emaranhado de fios cinzentos, dando a impressão de peixe encarcerado em rede caprichosa. A melhora fictícia do doente tem por finalidade tranquilizar os parentes aflitos."



SOBRE O TRABALHO ESPIRITUAL NA AJUDA AO DESENCARNE

"Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."



SOBRE O AUXÍLIO ESPIRITUAL NA PREPARAÇÃO PARA O DESENCARNE

"Os que se aproximam da desencarnação, nas moléstias prolongadas, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecânica.

Os familiares terrestres, por sua vez, cansados de vigílias, tudo fazem para rodear os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é difícil para os Espíritos de Luz afastá-los, para realizar o trabalho de preparação para o desencarne."



SOBRE O TRABALHO ESPIRITUAL NA SEPARAÇÃO DO CORPO

"Há três regiões orgânicas fundamentais, que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma:

O centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas;

O centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no torax;

O centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.

Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."

André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna

O Livro dos Espíritos

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O DIA DOS MORTOS...






O Dia dos Mortos




Na sessão da Sociedade de 2 de Novembro, Charles Nodier, rogado a consentir para continuar o trabalho que começou, respondeu:




“Permiti-me, esta noite, meus muito caros amigos, vos falar sobre um outro assunto; continuarei o meu trabalho começado numa próxima vez.




Hoje é uma época que nos é muito pessoalmente consagrada, pelo que não lembraremos a vossa atenção sobre a morte e sobre as preces que reclamam a maioria daqueles que vos precederam.




Esta semana é uma época de confraternização entre o céu e a Terra, entre os vivos e os mortos; deveis vos ocupar de nós mais particularmente, e de vós também; porque meditando este pensamento de que logo, como para nós, os vivos pedirão pela vossa alma, deveis vos tornar melhores.




Segundo a maneira pela qual vivestes neste mundo, sereis recebidos diante de Deus.




O que é a vida, depois de tudo? Uma curtíssima emigração do Espírito sobre a Terra; tempo, entretanto, em que pode amontoar um tesouro de graças ou se preparar para cruéis tormentos.




Pensai nisso, pensai no céu, e a vida, qualquer que a tendes, vos parecerá bem breve.”




Charles Nodier (Médium: senhorita Huet)




* * *


As perguntas seguintes foram dirigidas ao Espírito a respeito de sua comunicação:




1. Hoje os Espíritos são mais numerosos do que habitualmente nos cemitérios?




R. Neste tempo estamos mais de bom grado junto de nossos despejos terrestres, porque os vossos pensamentos, as vossas preces ali estão conosco.




2. Os Espíritos que, nestes dias, vêm para suas tumbas junto das quais ninguém roga, sofrem por se verem abandonados, ao passo que outros têm seus parentes e seus amigos que vêm lhes dar um sinal de lembrança?




R. Não há pessoas piedosas que oram por todos os mortos em geral? Pois bem! Essas preces retornam ao Espírito esquecido, são para eles o maná celeste que cai para o preguiçoso como para o homem ativo; a prece é para o conhecido como para o desconhecido: Deus a reparte igualmente, e os bons Espíritos que dela não têm mais necessidade a revertem para aqueles que ela pode ser necessária.




3. Sabemos que a fórmula das preces é indiferente, todavia, muitas pessoas têm necessidade de uma fórmula para fixar as suas idéias; por isso, vos seríamos reconhecidos em consentir em nos ditar uma sobre esse assunto; todos nós nos associaremos a ela pelo pensamento, para aplicá-la aos Espíritos que podem dela ter necessidade.




R. Eu o desejo muito.




“Deus, criador do universo, dignai-vos ter piedade de vossas criaturas; considerai as suas fraquezas; abreviai as suas provas terrestres, se estão acima de suas forças; compadecei-vos das penas daqueles que deixaram a Terra, e inspirai-lhes o desejo de progredir para o bem.”






Texto retirado da Revista Espírita – 1860 / Allan Kardec

PRECE PELOS DESENCARNADOS:



Pai!... Ao longo da vida fui devolvendo à Ti muitos daqueles que amei...
Um a um, às vezes os mais idosos, as vezes os mais jovens, foram retornando para casa, deixando para trás saudades que até hoje me é difícil suportar; flores que trocastes de jardim, deixando em seu lugar o silêncio e a solidão...
Hoje quero pedir por eles, a todos que de uma forma outra estiveram ligados à mim nesta encarnação, para que os abençoe e guarde, a fim de encontrem paz e serenidade no mundo espiritual.
Muitos deles, Senhor, não obstante o coração generoso, afastaram-se do corpo através de enfermidades dolorosas e incuráveis que lhes minaram as forças até o final, deixando na memória de todos o exemplo da coragem e da fé em Teus desígnios, sem esmorecimento...
Outros, desiludidos com a provas que lhes cabiam na derradeira existência, não suportaram e sucumbiram, afastando-se da carne pelo suicídio ou pelas drogas, arcando assim com o agravamento dos débitos que lhes diziam respeito e por isso mesmo infinitamente mais infelizes que antes...
Outros, Pai, deixaram para trás os mais belos e santos laços desencarnando em pleno vigor juvenil, desfazendo-se assim de pesados grilhões passados e retornando com a leveza das aves para os ninhos Superiores, para descansar e prosseguir...
Outros ainda, Senhor, deixaram o corpo como quem abandona fardo inútil após cumprida a tarefa, enveredando-se pelos caminhos da felicidade engalanados de luzes e valores, conquistados pelo trabalho santo a que se dedicaram na Terra, em favor de todos os seus semelhantes...
Representaram muito para mim... Para alguns eu pude dizer "te amo", para outros não... No entanto, pela importância que tiveram em minha vida, o meu amor há de lhes ser carinho constante no além, porque acredito que nada se desfaz com a morte do corpo, pelo contrário, se fortalece...
Que hoje, eu possa levar a todos eles o meu pensamento de ternura e gratidão, para que saibam, estejam onde estiverem, que não estão esquecidos na Terra, habitando em minha lembrança e em meu coração com a mesma força e a mesma sinceridade de antes! Assim seja!

Psicografia recebida no Instituto André Luiz em 03.02.2003/Revista em 02.11.2011 (Com registro BNB)


FINADOS:





Como a Doutrina Espírita encara o Dia de Finados?



Realmente o tema desperta algumas dúvidas. Mesmo alguns companheiros espíritas perguntam se devem ou não ir aos cemitérios no dia 2 de Novembro, se isto é importante ou não.



Antes de tudo, lembremos que o respeito instintivo do homem pelos desencarnados, os chamados mortos, é uma consequência natural da intuição que as pessoas têm da vida futura.



Não faria nenhum sentido o respeito ou as homenagens aos mortos se no fundo o homem não acreditasse que aqueles seres queridos continuassem vivendo de alguma forma. É um fato curioso que mesmo aqueles que se dizem materialistas ou ateus nutrem este respeito pelos mortos.



Embora o culto aos mortos ou antepassados seja de todos os tempos,Léon Denis nos diz que o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, antigo povo que viveu na região que hoje é a França. Os druidas, um povo que acreditava na continuação da existência depois da morte, se reuniam nos lares, não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos.



A noção de imortalidade que a maioria das pessoas tem, no entanto, ainda é confusa, fazendo com que as multidões se encaminhem para os cemitérios, como se o cemitério fosse a morada eterna daqueles que pereceram.



O Espiritismo ensina o respeito aos desencarnados como um dever de fraternidade, mas mostra que as expressões de carinho não precisam ser realizadas no cemitério, nem é necessário haver um dia especial para que tais lembranças ou homenagens sejam realizadas.



Mas para os espíritos desencarnados o dia 2 de Novembro tem alguma coisa mais solene, mais importante? Eles se preparam para visitar os que vão orar sobre os túmulos?



É preciso entender que nossa comunicação com os desencarnados é realizada através do pensamento. As preces, as orações, são vibrações do pensamento que alcançam os espíritos.



Nossos entes queridos desencarnados são sensíveis ao nosso pensamento. Se existe entre eles e nós o sentimento de verdadeira afeição, se existe esse laço de sintonia, eles percebem nossos sentimentos e nossas preces, independente de ser dia de finados ou não.



Esse é o aspecto consolador da Doutrina Espírita: a certeza de que nossos queridos desencarnados, nossos pais, filhos, parentes e amigos, continuam vivos e continuam em relação conosco através do pensamento.



Não podemos privar de sua presença física, mas o sentimento verdadeiro nos une e eles estão em relação conosco, conforme as condições espirituais em que se encontrem.



Realizaram a grande viagem de retorno à pátria espiritual antes de nós, nos precederam na jornada de retorno, mas continuam vivos e atuantes.



Um amigo incrédulo uma vez nos falou:



“Só vou continuar vivo na lembrança das pessoas”.



Não é verdade. Continuamos tão vivos após a morte quanto estamos vivos agora. Apenas não dispomos mais deste corpo de carne, pesado e grosseiro.



Então, os espíritos atendem sim aos chamados do pensamento daqueles que visitam os túmulos. No dia 2 de Novembro, portanto, como nos informam os amigos espirituais, o movimento nos cemitérios, no plano espiritual, é muito maior, porque é muito maior o número de pessoas que evocam, pelas preces e pelos sentimentos, os desencarnados.






Questões sobre o tema:





- Se estes desencarnados pudessem se tornar visíveis, como eles se mostrariam?



Com a forma que tinham quando estavam encarnados, para que pudessem ser reconhecidos.



Não é raro que o espírito quando desencarne sofra ou provoque alterações na sua aparência, ou seja, no seu corpo espiritual. Espíritos que estão em equilíbrio mental e emocional podem se apresentar com uma aparência mais jovem do que tinham quando estavam encarnados, enquanto outros podem inclusive adotar a aparência que tinham em outra encarnação. Por outro lado, espíritos que estão em desequilíbrio podem ter uma aparência muito diferente da que tinham no corpo, pois o corpo espiritual mostra o verdadeiro estado interior do espírito.



- E quanto aos espíritos esquecidos, cujos túmulos não são visitados? Como se sentem?



Isto depende muito do estado do espírito. Muitos já reconhecem que a visita aos túmulos não é fundamental para se sentirem amados. Outros, no entanto, comparecem aos cemitérios na esperança de encontrar alguém que ainda se lembre deles e se entristecem quando se vêem sozinhos.



- A visita ao túmulo traz mais satisfação ao desencarnado do que uma prece feita em sua intenção?



Visitar o túmulo é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho. Desde que realizada com boa intenção, sem ser apenas um compromisso social ou protocolar, desde que não se prenda a manifestações de desespero, de cobranças, de acusações, como ocorre em muitas situações, a visitação ao túmulo não é condenável. Apenas é desnecessária, pois a entidade espiritual não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar. A prece ditada pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança, e é sempre recebida com prazer e alegria pelo desencarnado.



- No ambiente espiritual dos cemitérios comparecem apenas os espíritos cujos corpos foram lá enterrados?



Não. Segundo as narrativas, o ambiente espiritual dos cemitérios fica bastante tumultuado no chamado Dia de Finados. E isto ocorre por vários motivos. Primeiro, como já dissemos, pela própria quantidade de pessoas que visitam os túmulos. Cada um de nós levamos nossas companhias espirituais, somos acompanhados pelos espíritos familiares. Depois, porque muitos espíritos que estão vagando desocupados e curiosos do plano espiritual também acorrem aos cemitérios, atraídos pelo movimento da multidão, tal como ocorre entre os encarnados. Alguns comparecem respeitosos enquanto outros se entregam à galhofa e à zombaria.



- E existem espíritos que permanecem fixados no ambiente do cemitério depois de sua desencarnação?



Sim, embora esta não seja uma ocorrência comum. Além disso, devemos nos lembrar que nos cemitérios, bem como em qualquer lugar, existem equipes espirituais trabalhando para auxiliar, dentro do possível, os que estão em sofrimento.



- Os espíritos dão alguma importância ao tratamento que é dado ao seu túmulo? As flores, os enfeites, as velas, os mausoléus, influenciam no estado espiritual do desencarnado?



Não. Somente os espíritos ainda muito ligados às manifestações materiais poderiam se importar com o estado do seu túmulo, e mesmos estes, em pouco tempo, percebem a inutilidade, em termos espirituais, de tais arranjos. O carinho com que são cuidados os túmulos só tem algum sentido para os encarnados, que devem se precaver para não criarem um estranho tipo de culto. Não devemos converter as necrópoles vazias em “salas de visita do além”. Há locais mais indicados para nos lembrarmos daqueles que partiram.



- E que tipo de local seria este?



O lar! Nossos entes familiares que já desencarnaram podem ser lembrados na própria intimidade e no aconchego de nosso lar, ao invés da frieza dos cemitérios e catacumbas. Eles sempre preferirão receber nossa mensagem de saudade e carinho envolvida nas vibrações do ambiente familiar. Qualquer que seja a situação espiritual em que eles se encontrem, serão alcançados pelo nosso pensamento. Por isso, devemos nos esforçar para, sempre que lembrarmos deles, que nosso pensamento seja de saudade equilibrada, de desejo de paz e bem-estar, de apoio e afeto, e nunca de desespero, de acusação, de culpa, de remorso.



- Mas a tristeza é natural, não?



Sim, mas não permitamos que a saudade se converta em angústia, em depressão. Usemos os recursos da confiança irrestrita em Deus, da certeza de Sua justiça e sua bondade. Deus é Amor, e onde haja a expressão do amor, a presença divina se faz. Vamos permitir que essa presença acalme nosso coração e tranquilize nosso pensamento, compreendendo que os afetos verdadeiros não são destruídos pela morte física, não são encerrados na sepultura. Dois motivos, portanto, para não cultivarmos a tristeza: sentimos saudades – e não estamos mortos; nossos amados não estão mortos – e sentem saudades...



Se formos capazes de orar, com serenidade e confiança, envolvendo a saudade com a esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo nossos corações em alegria e paz.





Referências:


O Livro dos Espíritos - Allan Kardec (Questões 320 a 329).


Livro “Quem tem medo da morte?” - Richard Simonetti.

domingo, 1 de novembro de 2015

ENTREVISTA SOBRE O LUTO NA REVISTA BONS FLUÍDOS:






A revista Bons Fluidos entrevistou Adriana Thomaz.

Abaixo trechos da entrevista.

BONS FLUIDOS: O que é o luto?

Adriana Thomaz: Um processo que decorre do “rompimento” de um vínculo, de um laço afetivo. Coloco a palavra rompimento entre aspas porque o luto é um tempo de reconstrução da identidade e da vida. Um tempo de descoberta de uma forma de restabelecer o vínculo rompido, de desenvolver a ideia de que, na verdade, o vínculo é contínuo por meio do eterno sentido e amor daquela pessoa na vida de quem ficou.

BF: Como o luto deve ser vivenciado?

AT: Há várias formas, já que o luto de cada pessoa é singular e não obedece a um padrão. Eu penso na elaboração do luto como uma forma de reorganizar o sistema familiar, pois o luto não é feito apenas de choro e lamentação. Também encorajo o enlutado a viver cada fase desse processo de forma coerente, expressando seus sentimentos, pensamentos e emoções e adaptando-se à nova realidade por meio de autoconhecimento e contínuo aprendizado. São comuns os sentimentos de dor, impotência, raiva, angústia, medo, tristeza, revolta, mas também de lampejos de alegria. O importante é compreender que não há nada de errado com nenhum dos sentimentos experimentado.

BF: O momento mais crítico do luto são os primeiros meses?

AT: O luto é um processo, e não um estado ou um evento isolado. Isso é muito importante. Não é um conjunto de sintomas que surgem depois de uma perda e que tendem a desaparecer com o tempo. Os primeiros meses nem sempre são aqueles em que a tristeza profunda predomina porque muitas vezes “a ficha não caiu”, a rotina ainda não se estabeleceu mostrando claramente a ausência, a saudade, a falta. Essa tristeza precisa ser manejada adequadamente, por intermédio de recursos internos ou externos, a qualquer momento, independentemente de quanto tempo se passou desde a morte.

BF: Quais são as fases do luto?

AT: O luto é um processo intenso, com uma sucessão de fases que se mesclam e se substituem. Na primeira fase (choque e entorpecimento), as pessoas têm dificuldade em compreender e acreditar que a morte tenha acontecido – é como se fosse um pesadelo –, apesar de os momentos de desespero e dor se intercalarem. Na segunda fase (anseio e busca), elas podem se recusar a reconhecer a perda e tentar fazer as coisas voltarem a ser como eram antes da morte. Podem procurar o falecido, tentando “trazê-lo de volta” ao se recusar a permitir, por exemplo, que os pertences dele sejam removidos. Não quero dizer com isso que os pertences devem ser removidos de um momento para outro. As reações (fases) têm de ser respeitadas. Quando o indivíduo percebe que o retorno da pessoa, com vida, é impossível, os sentimentos de frustração e raiva podem vir à tona. Nessa fase (desorganização e desespero), a pessoa se distrai facilmente, tem dificuldade para se concentrar e pode tornar-se profundamente triste. É quando o enlutado se dá conta de que o falecido não está voltando, e esse reconhecimento deixa alguns indivíduos confusos, com medo e incertos sobre seu futuro. Na última fase (reorganização e recuperação), o enlutado percebe que consegue tocar a vida, apesar da saudade. Mas fica um alerta: nem todos se movem por essas fases na sequência aqui descrita.

BF: Quanto tempo dura o luto?

AT: Varia muito, pois depende de vários fatores, como a qualidade da relação da pessoa com o falecido, da personalidade e da idade do enlutado e da forma da morte. Costumo dizer que o luto geralmente dura um ano, justamente porque nesse período a pessoa poderá elaborar a própria situação e se reorganizar psiquicamente, bem como reinvestir seu afeto e ressignificar a vida, uma vez que atravessa pela primeira vez as datas significativas sem a pessoa perdida.

BF: É verdade que com a morte vem o sentimento de culpa?

AT: Algumas pessoas tendem a “personificar” a morte e procuram alguém para culpar. Existe também a culpa pela sobrevivência, ou seja, a pessoa pode se sentir culpada por ter sobrevivido. Algumas mulheres ficam com raiva do marido falecido por não ter ido procurar o médico quando os primeiros sinais e sintomas da doença fatal começaram, ao passo que outras podem culpar Deus ou qualquer outra entidade de natureza extracorpórea pela morte.

BF: Como as pessoas devem pensar e agir para não sentir essa culpa?

AT: Muitas vezes, dizer para a pessoa “não se sinta culpada, você não é culpada” não será suficiente. Em geral, podemos descobrir a razão mais profunda desse sentimento de culpa ouvindo o enlutado com bastante atenção. Frequentemente as pessoas se culpam por ressentimentos verdadeiros com o falecido. Quem, num momento de raiva, já não desejou que alguém desaparecesse, sumisse do mapa? Então, é importante ouvir de maneira apurada, sem censurar, sem ter a pretensão de fazer a pessoa se sentir “ótima” a todo custo, sem tentar fazer a pessoa se livrar, de um momento para outro, do sentimento que ela experimenta.

BF: Como as pessoas próximas aos enlutados devem agir?

AT: Cada pessoa sofre de um jeito e fica enlutada de uma forma muito particular. A verdade é que, por mais que já tenhamos vivido a dor de nossas perdas, precisamos de humildade para reconhecer que o outro sentirá a própria dor de uma forma diversa da nossa. Comentários como: “eu sei muito bem o que você está passando”, “você vai conseguir porque é forte e guerreiro”, “pare de chorar, você precisa ficar bem para sua família”, “seu filho não gostaria de vê-lo sofrendo” são inadequados e as pessoas de luto podem sentir-se profundamente angustiadas por ouvir essas frases e pensar que devem aceitá-las como verdades absolutas. Devemos oferecer nosso apoio, nossa atenção e escuta amorosa e paciente, sem lhes dizer o que fazer, sem lhes dar conselhos fáceis e receitas prontas. Não adiantará nada tentarmos abafar a dor. A dor ficará soterrada e precisará vir à tona em algum momento. As pessoas precisam de tempo para que voltem a acreditar no valor da vida, do amor, da solidariedade. Quem passa pelo luto precisa de uma rede de apoio. Sempre pergunto ao enlutado com quem ele pode contar. Sugiro que ponha nomes e telefones num papel e o carregue consigo. Há também a ajuda de profissionais especializados, a ajuda de organizações voltadas para o suporte e o apoio a pessoas enlutadas e a ajuda espiritual.

BF: Onde procurar ajuda especializada?

AT: Há diversas formas de ajuda oferecidas por organizações não governamentais e grupos de entreajuda com voluntários treinados para o aconselhamento a pessoas enlutadas, independentemente de como ou quando a morte tenha acontecido. No Rio de Janeiro e em Curitiba, há a organização Amigos Solidários na Dor do Luto.

BF: Como matar a saudade de uma pessoa que não está mais presente fisicamente?

AT: A vida nunca mais será a mesma depois de um luto, mas o sofrimento e a dor tendem a diminuir e vai chegar um momento em que o indivíduo será capaz de se adaptar para lidar com a vida sem a pessoa amada. Muitos ficam preocupados, pensando que vão esquecer a pessoa que morreu: seu olhar, sua voz, seus bons momentos juntos. Há muitas maneiras de manter sua memória viva: conservar suas lembranças especiais e sustentar a alegria quando ela vier; escrever suas memórias em um diário ou agenda; criar um álbum de fotos… Datas significativas simbolizam a eternização, a continuidade da vida, o vínculo contínuo e eterno com aqueles que amamos: ritualize da sua forma. Nas fases iniciais do luto, é possível que essas datas especiais sejam muito difíceis para o enlutado, mas se ele sentir vontade pode produzir um legado realizando atividades significativas. Pode ser um ritual bem simples, como usar a cor preferida do falecido ou a sua ou uma flor, uma comida, um lugar.

BF: Como os enlutados devem agir com as crianças?

AT: Na maioria das vezes, tanto a criança pequena quanto a maior percebem a maior parte dos fatos que os adultos tentam esconder, mesmo que elas não se expressem por meio de palavras. Apelam, às vezes, para jogos, desenhos ou brincadeiras como forma de expressar seu sofrimento e denunciar seu medo, ou melhor, sua pouca compreensão da morte. Quando a omissão da realidade sobre a morte ocorre, para “poupar a criança do sofrimento”, ela quase sempre capta a tristeza e a ansiedade dos adultos, mesmo que eles tentem fingir que está tudo bem. Não raro, elas se sentem culpadas porque pensam que elas são a origem daquele sofrimento. Meu trabalho terapêutico tem finalidade educativa, ou seja, tenho ajudado pais e crianças a lidar com a nova realidade da morte e a atravessar o luto juntos, respeitando o limite da criança, claro, mas estimulando que ela participe dos rituais se assim desejar e tenha seu luto validado, reconhecido e acompanhado de perto pela família. Cada criança tem conceitos e imagens diferentes sobre a morte e o morrer, que devem ser levados em consideração, promovendo uma comunicação efetiva. Muitos recursos podem ser usados para falar da morte, como histórias infantis, teatro, desenhos, jogos. O importante é que a criança encontre espaço para expressar a perda, assim como os adultos que cuidam dela.

BF: Qual é o melhor momento para decidir sobre o que fazer com as roupas e outros pertences do morto?

AT: Por desconhecimento e pouca educação para a morte, muitas famílias na nossa sociedade têm doado os pertences de seus entes queridos falecidos e lamentam, após o ato, quase sempre irrefletido, por terem se desfeito de tudo tão depressa. Assim, agir por impulso, nos primeiros momentos, pode não ser a melhor opção. O importante é pensar com cuidado e calma a respeito dessas questões. Muitas vezes ajudo meus pacientes a decidir quando é o momento, o que e quando fazer com os pertences de seu ente querido.

BF: É normal que o enlutado sinta vontade de se divertir, passear e namorar durante esse período?

AT: Pode se tratar de uma negação da perda, mas também pode ser uma reação imediata de tentativa de recuperar a identidade, colocar as coisas no lugar que sempre tiveram, por exemplo. Se isso não for exagerado e se paralelamente a pessoa encontra momentos para expressar sua dor, devemos observar sem interferir. Por outro lado, considero muito importante que os profissionais de saúde aprimorem o olhar para reações inibidas ou adiadas do enlutamento, quando se finge que nada aconteceu, ou quando as reações são extremamente desproporcionais, com a sensação de caos absoluto. Nesses casos, será necessária a intervenção de alguém responsável para essa finalidade.

BF: Tomar remédios, como antidepressivos, é indicado durante o período de luto?

AT: O luto é um processo normal, a tristeza não deve ser medicalizada. O enlutado precisará lidar com emoções dolorosas e que oscilam. Elas tendem a passar com o tempo, à medida que novos significados são construídos e o cotidiano é reorganizado. A medicação psiquiátrica com antidepressivos e/ou ansiolíticos é indicada para casos específicos, quando há quadros psiquiátricos que acompanham o processo, como transtornos de ansiedade ou depressão clínica.

BF: Como o casal deve agir diante da perda de um filho?

AT: A palavra é comunicação. No processo do luto, o casal pode encontrar uma extrema dificuldade em aceitar a forma diferente de enlutamento do parceiro, podendo haver também cobranças e mágoas relacionadas a uma possível culpabilidade mútua. A terapia do luto pode prevenir as perdas secundárias ao luto, como o divórcio, e “autorizar” que o sofrimento dos pais possa se manifestar de formas distintas. Por exemplo: o pai que precisa e deseja voltar ao trabalho, ao passo que a mãe precisa ficar mais tempo recolhida. Não há certo ou errado. Há o que é melhor para cada um, individualmente. E isso precisa ser negociado, arrumado, acordado e respeitado.

BF: É possível ser feliz novamente depois de uma perda tão especial, como a de um filho ou a dos pais?

AT: Compartilho minha opinião com um grande teórico, Alan Wolfelt, que resume: “A experiência do luto é poderosa. Assim também é sua capacidade para ajudar a curar a si mesmo. Ao viver o processo do luto, a pessoa está se movendo em direção a um renovado senso de significado e propósito em sua vida”. A elaboração do luto possibilita a construção desses significados novos, assim como a definição de novos propósitos na vida. Após a elaboração do luto, a pessoa não será mais a mesma. Será uma nova pessoa, com uma nova hierarquia de valores, com novos sentidos e perspectivas, mas, acima de tudo, será uma pessoa que poderá viver mais plenamente a vida. E é possível ser feliz novamente, muitas vezes num outro conceito de felicidade.
 FONTE: CASULO

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