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terça-feira, 27 de outubro de 2015

O FENÔMENO DA MORTE:




Grupo Espírita Bezerra de Menezes
O que acontece com o nosso Espírito quando morremos?
Continuamos com nossa individualidade, isto é, teremos os mesmos conhecimentos, qualidades e defeitos que tivemos em vida. A morte não nos livra das imperfeições. Seguiremos pensando da mesma forma. Nosso Espírito será atraído vibratoriamente para regiões astrais com que se afiniza moralmente. Se formos excessivamente apegados à vida material, ficaremos presos ao mundo terreno, acreditando que ainda estamos fazendo parte dele. Essa situação perdurará por certo tempo, até que ocorra naturalmente um descondicionamento psíquico. A partir desse ponto, o Espírito será conduzido às colônias espirituais, onde receberá instrução para mais tarde retornar à carne.
Todos os Espíritos podem se comunicar logo após sua morte?
Sim, pelo menos teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo físico. Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas até anos, dependendo do tipo de vida que tenha tido na Terra e do gênero de sua morte. Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de ignorância por longo tempo. Dado o pouco adiantamento espiritual dos habitantes do planeta, pode-se concluir que as mensagens mediúnicas creditadas a pessoas famosas que desencarnam precocemente, não merecem credibilidade.
O que acontece com os recém-nascidos que logo morrem? E por que isto acontece?
O Espírito de criança morta em tenra idade recomeça outra existência normalmente. O desencarne de recém-nascidos, freqüentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre. A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.
Se uma criança desencarna de acidente na idade de 11 anos, ela é socorrida pelos Espíritos na mesma hora?
Os desencarnes súbitos, de uma forma geral, são muito traumáticos para o Espírito. Allan Kardec diz que no processo de desencarne, todos sofrem uma espécie de "perturbação espiritual", que pode variar de algumas horas a anos, dependendo da evolução de cada um. Nos desencarnes convencionais geralmente os Espíritos permanecem sem consciência do que lhe aconteceu por um certo tempo e, se têm merecimento, são recolhidos às colônias socorristas existentes próximas da crosta terrena. Ali são devidamente atendidos. Nos casos de desencarne de crianças, suspeita-se que sejam atendidas de imediato pela Espiritualidade, em função de estarem num estado psíquico especial, próprio da infância. Não estando de posse de todas as suas faculdades, não seria lógico admitir que ficassem em estado de sofrimento por causa dos atos da vida. Claro, a responsabilidade aumenta na medida em que a maturidade avança, criando condições para o Espírito ficar em estado de sofrimento por um tempo mais longo, se for necessário. Não há uma idade definida, que marque o início da fase adulta, assim como não há um ponto definido que separe o dia da noite. Em determinado período se confundem, mas acabam se definindo a seguir. De uma maneira geral, pode-se concluir que todos os Espíritos que desencarnam em fase infantil são imediatamente atendidos pela Espiritualidade.
Porque pessoas jovens, boas, desencarnam prematuramente, enquanto há pessoas más que vivem por muitos anos?
Se olharmos as coisas dentro da ótica materialista, certamente não encontraremos resposta para esta delicada questão. Se, no entanto, partirmos do princípio que somos seres imortais e que estamos em uma escalada evolutiva em direção à perfeição, compreenderemos com facilidade que a vida terrena é apenas parte desse processo. A verdadeira vida é a espiritual e quando encarnados cumpre-se as etapas necessárias ao aprimoramento do Espírito imortal. As diferenças existentes entre as pessoas são as várias etapas em que o Espírito se encontra em termos de evolução. O viver muitos anos, portanto, é muito relativo. A vida terrena é a escola que a criatura precisa para se aprimorar e o tempo que deve demorar aqui depende de sua necessidade. Os Espíritos bons, geralmente necessitam mesmo de menos tempo.
Uma criança, quando desencarna, seu Espírito terá a mesma idade que ela tinha, quando era encarnada?
Sim, dependendo no entanto de sua maturidade espiritual. O Espírito, quando desencarna, permanece com os mesmos condicionamentos mentais que tinha na Terra, até que se conscientize de sua real situação. Permanecerá em estado de criança ou de adolescente, por um determinado tempo, dependendo de sua evolução, ou seja, de seu grau de entendimento, até que adquira plena consciência de sua condição e de suas necessidades. Isso, geralmente acontece com Espíritos que ainda estão em situação de pouca evolução espiritual. Por isso, nas colônias socorristas próximas à crosta terrestre, encontram-se Espíritos em condição de crianças e adolescentes. Deve-se saber, entretanto, que esta situação perdura apenas por um determinado período.
Quando uma pessoa morre de morte acidental, por exemplo por afogamento, e ainda é muito jovem (18 anos) como fica o seu Espírito?
Todas as pessoas, ao desencarnarem, passam por um período mais ou menos longo de perturbação espiritual, podendo durar de algumas horas a anos, dependendo de seu grau evolutivo. Quando o Espírito é muito jovem, e certamente experimenta uma vida de muita atividade, pode permanecer sem entender sua situação por um tempo, como pode ser logo socorrido pelos Espíritos amigos que trabalham nessa área. Isso vai depender do seu merecimento. Se permanecer revoltado por ter retornado cedo, criará para si um ambiente vibratório ruim, que o levará a experimentar grandes dores morais nas zonas de sofrimento.
Os Espíritos ao desencarnarem conservariam intacta suas auras externas ? Seriam ainda emanações de seu perispírito?
Aura é um termo utilizado no meio espírita, originada do esoterismo, e se refere à atmosfera fluídica criada em torno da pessoa pelas emanações energéticas do seu corpo espiritual. Allan Kardec não deu atenção a isso na Codificação, por se tratar de assunto de pouca importância para a compreensão da ciência dos fluidos. A "aura" nada mais é do que um efeito, causado pela irradiação íntima do Espírito. Não, a "aura" não é uma emanação do perispírito que, por si mesmo, nada é, a não ser uma massa fluídica estruturada pelo Espírito com sua projeção interior, para se manifestar no mundo exterior.
Quando desencarnamos, sendo levados para as colônias socorristas, teria como nossos entes queridos ficarem sabendo em qual delas nos encontramos?
Se forem entes desencarnados, isso dependerá da afinidade espiritual existente entre o nosso Espírito e os deles. Também se deverá levar em conta a condição evolutiva de cada um. Se são pessoas muito diferentes em moralidade, certamente irão para lugares distintos. Os mais atrasados podem desconhecer onde estão os mais adiantados. Os que nos precederam, dependendo de suas condições espirituais, poderão nos amparar no momento do desencarne e, evidentemente, saber para onde vamos.
Se a informação refere-se aos entes que ficaram no mundo material, eles poderão saber as condições do Espírito desencarnado, ou o lugar onde se encontra, evocando-o numa sessão prática de Espiritismo feita por grupos sérios.
O que acontece ao nosso anjo da guarda quando desencarnamos?
O anjo de guarda é um Espírito protetor de uma ordem elevada que Deus, por sua imensa bondade, coloca ao nosso lado, para nos proteger, nos aconselhar e nos sustentar nas lutas da vida. Cumprem uma missão que pode ser prazerosa para uns e penosa para outros, quando seus protegidos não os ouvem seus conselhos.
Quando desencarnamos, ele também nos ampara e freqüentemente o reconhecemos, pois, na verdade, o conhecemos antes de mergulhar na carne. Claro que tudo depende da condição evolutiva da pessoa em questão. O anjo da guarda poderá também nos guiar em outras experiências, por muitos e muitos tempos.
Todos os Espíritos sem exceção, mesmo os sofredores, podem conhecer a intimidade dos nossos pensamentos?
Para os Espíritos nada há que seja escondido. O pensamento é a forma de comunicação no plano invisível. Quando se emite um pensamento, ele impregna o ambiente e logicamente os que estão na dimensão espiritual o captam com facilidade. Quanto a conhecer na intimidade o que vai na alma de cada um, depende do estado mais ou menos lúcido do desencarnado em questão e ainda de suas condições morais. Como regra geral, pode-se afirmar que uma natureza má simpatiza com uma natureza má que lhe conhece a intimidade. Assim também é com os bons Espíritos. Os Espíritos sofredores podem estar passando por um período de perturbação (mais ou menos longo, conforme o caso) e não se encontrarem em condições de sondar a intimidade daqueles com quem tinham relações. Porém, não deixam de sofrer as influências vibratórias das coisas boas ou ruins que forem feitas por essas pessoas.
É possível, mesmo a pessoas menos esclarecidas, a comunicação com entes desencarnados a que foram intimamente ligados na Terra, e dos quais sentem muitas saudades?
Sim é possível, pois o intercâmbio entre os dois mundos é muito fácil e comum. Mas deve-se ter muito cuidado com as comunicações ditas de parentes desencarnados, pois como se sabe, embora a mediunidade seja um fator ligado à potencialidade orgânica, o uso que se faz dela depende da moral do médium. Muitas vezes não há como identificar se aquela comunicação é autêntica, principalmente se é dada por médiuns sem preparo para a tarefa. Freqüentemente ligam-se a esses, Espíritos enganadores que se comprazem em brincar com a dor alheia, ou então que querem estimular o ego do médium, emprestando a este uma importância que não tem.

sábado, 17 de outubro de 2015

A PERDA DE ENTES QUERIDOS:






A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morremos.
Não costumamos pensar muito na morte, não fazendo ela parte das nossas preocupações mais imediatas. Vamos levando a vida sem pensar que um dia morremos. Mas daí vem o inesperado, e quando nos deparamos ela bate nossa porta arrebatando-nos um ente amado.




Então sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que nunca mais “o veremos” aumenta mais a dor. Dor alguma é comparável a essa. Ceifando a alegria de viver de quem fica no corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas no campo emocional. Mesmo na vida física há separações traumáticas, longa e às vezes definitiva. Na morte, então a saudade e a vontade de ter outra vez aquele que se foi é perfeitamente natural e compreensível.




A morte, no entanto, é uma fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no corpo, em momento próprio dele serão arrebatados.




Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente amado, demorando a se recuperar da dor pela partida deste. O chamado período de luto. O período de luto é influenciado por vários fatores, dentre estes a idade, saúde, cultura, crenças religiosas, segurança financeira, vida social, antecedentes de outras perdas ou eventos traumáticos e principalmente quando a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como acontece em desastres, acidentes ou por ato de violência. Cada um desses fatores pode aumentar ou diminuir a dor do luto.




Mas porque é tão dolorosa a perda, ou melhor, a separação de um ente amado? Justamente, porque os amamos, e porque os amamos queremos tê-los continuamente junto a nós, e isso é natural, portanto, não necessita de explicações! Vivemos em função uns dos outros, se aquele que amamos se vai... Como não sentir? A impossibilidade de se conversar, ouvir a voz, tocar no ente amado que partiu, é desvastor para aquele que ficou. Uma foto, um aroma, uma música bastam para lembrar o ente querido e a dor da sua ausência reaparece cada vez mais forte acompanhada da saudade causticante!




Diante de tão terrível e amarga dor. Aonde procurar consolo? Aonde procura respostas? O que fazer e qual a nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?




Para entender a atitude dos espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é preciso entender a visão espírita da morte!




Toda a religião espiritualista tem em comum a crença na imortalidade da alma. No entanto, o Espiritismo acrescenta e difere das demais, porque nos mostra que além de imortal, a alma após a morte mantém sua individualidade, se aperfeiçoa e evolui pela pluralidade das existências (reencarnação) e existe a comunicação entre os que se encontram no Mundo Espiritual e aqueles que se encontram no mundo material.




Diante da imortalidade da alma a morte é, pois: a destruição do corpo físico, comum a todos os seres biológicos, seja pelas transformações orgânicas, pelo desgaste à medida que nele se movimenta, ou por uma agressão violenta!
Considerando que o Espírito esta em constante crescimento e renovação, a morte é um meio de transição e não um ponto final, possibilitando assim através da reencarnação mudança de ambientes e projetos de vida! Vejamos o que diz o Livro dos Espíritos.




Questão 153:
P: Em que sentido se deve entender a vida eterna?
R: “A vida do espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. quando o corpo morre, a alma retorna a vida eterna”.



Segundo consolo que encontramos na Doutrina Espírita: possibilidade de comunicação entre os encarnados e os desencarnados!




A possibilidade da comunicação com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa proporcionar-lhes a aceitação do ocorrido e que lhes minore a dor da enorme saudade que sentem.




No entanto, é necessário se precaver contra a urgência desenfreada de se obter essa comunicação, principalmente quando é recente a desencarnação. Nesse caso, sabemos que ela não é impossível, mas não é recomendada porque, e isto é natural e previsível para todos os recém desencarnados, há um período de adaptação do Espírito a sua nova realidade.




Não podemos olvidar também que as condições em que se encontram os Espíritos no mundo espiritual, se dão pelo próprio espírito, ou seja, pelas escolhas, a forma como viveu enquanto encarnado, seus méritos e suas necessidades! Diante disso, a comunicação pode ser impedida ou não possível por um determinado tempo.




Em segundo, as comunicações são acompanhadas de uma necessidade e de uma utilidade! Temos que entender que o mundo espiritual não esta para nos servir a qualquer hora ou custo, para saciar desejos desenfreados, isso pode abrir portas para mistificações e ate obsessões. Por isso toda e qualquer comunicação deve ser vista com cautela e seriedade!




Então as pessoas que buscam o centro espírita com profundo desejo de receberem uma mensagem de um ente querido desencarnado, estejam avisadas de que este contato nem sempre é possível. Às vezes passam-se meses e até anos antes de obterem uma palavra ou mensagem. Nem os médiuns, nem os Espíritos estão obrigados a nos dar as respostas que queremos, mas se a Misericórdia Divina permitir, com certeza será recebida, como podemos comprovar por tantas psicografias, posteriormente publicadas em livros, recebidas por Francisco Cândido Xavier, mensagens consoladoras e esperançosas para pais, filhos, amigos...




Outro consolo que a Doutrina Espírita trás, diz respeito às desencarnações de entes amados em tenra idade, jovens, filhos ceifados de um momento para outro, por meio de acidentes, violência desenfreada, doenças rápidas! Esse tipo de desencarnação geralmente causa espanto, e muita revolta para os que ficam. Mas no Evangelho Segundo Espiritismo, no capitulo V, Instruções dos Espíritos no item perda de pessoas amadas e mortes prematuras (Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863):



Ele diz assim: “A morte prematura é quase sempre um grande beneficio que Deus concede ao que se vai. Sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. aquele que morre na flor da idade não é vitima da fatalidade, pois, deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na terra.”




Ressalta-se que é nos casos de morte em que não houve imprudência ou que não houve nenhuma participação do desencarnado.




E Sansão ainda nos diz: “Regozijai-vos em vez de chorar quando apraz Deus retirar um dos seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento, mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus!”



Diante dessas palavras instrutivas do Espírito Sansão, podemos ver que os pensamentos, dirigidos aos entes amados desencarnados, chegam como vibrações e são percebidas e assimiladas por eles. Porque a morte nada mais é do que a destruição do corpo orgânico, mas a alma imortal segue eterna, assim como os laços de amor e afeições que os uniu aos pais, aos filhos, aos maridos, as esposas, aos amigos!




A Doutrina Espírita orienta-nos a pensar e emitir vibrações de amor, e não de dor e desespero. Vejamos o que nos revela a questão 936 do Livro dos Espíritos.




P: - Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos espíritos que as causam?
R: O espírito é sensível às lembranças e às saudades dos que lhes eram caros na terra; mas uma dor incessante e desarrazoada, o toca penosamente, porque nessa dor excessiva ele vê falta de fé no futuro e confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com ele.”




Da mesma forma os entes amados que partiram nos emitem pensamentos e vibrações de amor e de esperança. Acontece que muitas vezes, nos prendemos na dor, e não nos apercebemos da presença deles. Muitas vezes, eles têm que recorrerem às sessões mediúnicas, com a devida permissão dos seus orientadores espirituais, para pedir, que não soframos mais. Que nosso sofrimento excessivo, os fazem sofrer, que nosso apego as lembranças com dor os atingem e os afligem. Muitos ainda impossibilitados de virem se comunicar, porque ainda estão de adaptando e se recuperando, (um dos motivos que a evocação não é recomendada) solicitam aos seus mentores que mandem noticias em seus nomes, para acalmar o coração dos familiares em sofrimento. A morte não é o mergulho no nada, é apenas a mudança de estado, e que eles continuam do lado de lá, recebendo de nós, os sentimentos de amor, ou de revolta que possamos emitir.




Joanna de Ângelis nos alerta quanto nossa atitude perante nossos desencarnados entes queridos, na obra "Rumos Libertadores".




Ela diz assim: - Não digas, ou interrogues, antes os que desencarnaram: “deixaram-me, e agora? O que será de mim?
Estes conceitos, profundamente egoístas, atestam desamor, antes do que devotamento.




Nem te entregues ao desejo de partir, também sob a falsa alegação de que não pode continuar sem eles. Esta atitude fá-los-ás sofrer.
Poe-te no lugar deles.
Como te sentirias do lado de cá, acompanhando o ser amado que se resolvesse complicar a própria situação, justificando seres tu o responsável?
Imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti, e verificarás quanto te seria doloroso.




“Assim também eles sofrem em razão de atitude contundente, quanto se alegra em face da resignação, da saudade dúlcida e das preces gentis que os afetos lhes devotam”.




Podemos tirar três lições do texto de Joanna de Ângelis:




Primeira lição: nossos pensamentos emitidos os fazem sofrer ou os alegram!

Segunda lição: é não buscar evocá-los; quando ela diz: “imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti...”

Terceira lição: envolvê-los em preces. O Evangelho Segundo Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da importância da oração pelos que acabam de deixar a terra como forma de ajudar no desligamento do Espírito, tornando seu despertar no além tumulo mais tranqüilo.



Para enfrentarmos a dor da perda de entes queridos, devemos partir primeiro da fé e confiança na imortalidade da alma; que a morte é apenas a transição de um estado para o outro, qual seja, a saída do mundo físico para a vida espiritual. Que a alma liberta do corpo segue seu curso mantendo sua individualidade, levando consigo, as experiências, os amores e os laços de família, que são ainda mais reforçados, posto que libertos do corpo os Espíritos compreendem melhor certas situações, as quais, enquanto estavam no corpo, passavam despercebidas.




A crença na vida após a morte e que a separação é passageira, traz um grande consolo no momento da partida daqueles que amamos. Lembrar os bons momentos vividos com esse ente amado, sabendo que nada acontece ao acaso e que a separação é apenas momentânea demonstrando assim fé e confiança nos desígnios de Deus e na possibilidade do reencontro.



Sabendo que a desencarnação é para, nós inevitável devemos nos preparar para ela, vivendo cada instante, uns com os outros como se fosse o ultimo; aprendendo e compartilhando conhecimentos! Amando, perdoando e servindo ao bem comum!




Cultuar a memória dos entes queridos desencarnados mediante ações de que eles se alegram, de que possam participar inspirando-nos e protegendo-nos, ou aprendendo conosco aquilo que não souberam ou não quiseram aproveitar!




Nara Cristina Goulart
narinha_goulart@hotmail.com
Bibliografia:
Livro dos Espíritos
Evangelho Segundo Espiritismo
Rumos Libertadores

Fonte: CEAE - Centro Espírita Aprendizes do Evangelho.

domingo, 11 de outubro de 2015

LUTO É UM PROCESSO, NÃO UM EVENTO....





Luto é um processo, não um evento



MARIA HELENA PEREIRA FRANCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A SAUDADE nos leva a visitar a relação que tínhamos com nossos queridos que faleceram.
Essa visita nos fala ou relembra aquilo que dá significado à vida para muitas pessoas: a existência de um vínculo forte com alguém que, quando rompido, gera o luto. Falar de luto hoje é falar das nossas possibilidades de fazer, desfazer e refazer laços.
Não podemos falar com precisão sobre uma sequência de fases do luto. A pessoa enlutada, com frequência, encontra outras que adotaram crenças rígidas sobre o que deve ser experimentado nessa jornada ao longo do luto.
Essas crenças podem afetar profundamente o processo individual natural. Podemos encontrar respostas de desorganização, medo, culpa mas também podemos não encontrá-las. As emoções podem seguir-se umas às outras com intervalos curtos ou até mesmo duas ou mais emoções podem estar presentes ao mesmo tempo.
Cada pessoa fica enlutada de sua maneira. O luto é uma experiência pessoal e única.
Como resultado dos valores contemporâneos, as pessoas enlutadas são encorajadas a rapidamente deixar para trás o luto. Como resultado, temos duas situações: ou o enlutado vive seu processo isoladamente ou se força a abandoná-lo, antes mesmo de tê-lo completado. Amigos e familiares, bem-intencionados, mas desinformados, tentam fazer com que a pessoa enlutada desenvolva autocontrole, entendendo que essa é a resposta adequada.
As pessoas se perguntam quanto tempo dura o luto, como uma confirmação de que estão no caminho certo. Essa pergunta é diretamente relacionada à impaciência que nossa cultura tem com o pesar e o desejo de sair logo da experiência do luto. Um exemplo disso é a pressão que o enlutado sofre, logo após a perda, para voltar à atividade normal.
O luto passa a ser visto como algo a ser evitado, e não como algo que precisa ser vivido e que trará possibilidades de reconstrução. Mascarar ou fugir do luto causa ansiedade, confusão e depressão.
Viver o luto não significa passar por ele, significa crescer por meio dele, para renovar o senso de confiança e a energia, para reconhecer a realidade da morte e a capacidade de se tornar envolvido novamente. O luto é um processo, não um evento.
Além de entender na mente, vai entender no coração: a pessoa amada morreu. A dor sentida vai deixar de ser onipresente e aguda para se transformar em um sentimento de perda que pode ser admitido e que dá vez a um significado e um propósito renovados.
Embora a pessoa que morreu jamais venha a ser esquecida, a vida pode e deve continuar a ser vivida. A perda é para sempre, o luto não.

MARIA HELENA PEREIRA FRANCO é psicóloga, professora titular da PUC-SP e coordenadora do LELu (Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto), da mesma universidade.

A VIDA DE QUEM FICA:



A vida de quem fica


A morte desorganiza, deprime. Mas o luto tem começo, meio e fim. Nesse processo, a dor da perda se transforma em saudade, e a vida continua, com outro sentido.

Por Rosane Queiroz

Uma mulher vai até Buda com o filho morto nos braços e suplica que o faça reviver. Buda diz a ela que vá a uma casa e consiga alguns grãos de mostarda. Mas, para trazer de volta a vida do menino, esses grãos devem ser de uma casa onde nunca morreu ninguém. A mãe vai de casa em casa, mas não encontra nenhuma livre da perda.

A parábola budista explora a lição mais óbvia e mais difícil da vida. A dificuldade de encarar o fim como parte da existência é o que faz do luto uma experiên-cia tão assustadora. “A morte é sempre vista como um acidente de percurso ou um castigo divino”, diz a psicóloga Clarice Pierre, especializada no atendimento de doentes terminais. Desde a infância o ser humano não é treinado para perder, mas para ter, acumular. “Os pais protegem os filhos das frustrações, e perder é essencial para entender que nada é permanente. E me refiro a perder desde jogos, até objetos e pessoas”, diz Clarice.

Se o desapego budista é uma utopia, a preparação para encarar a morte de forma menos traumática é possível, e começa mesmo na infância. “Criança pode ir a velório e receber respostas honestas sobre a morte, em vez de explicações fantasiosas, como a de que a pessoa viajou ou virou uma estrela.” No dia a dia, é preciso tratar as perdas como parte da vida. “Ensinar sobre a finitude ajuda a objetivar a existência, reduzindo a angústia existencial.”

Os sintomas do luto são divididos em fases: choque, negação, raiva, depressão e aceitação. Nesse processo, a pessoa experimenta desinteresse pela vida, culpa, baixa auto-estima, angústia, revolta. A duração e a intensidade desses sentimentos vão depender do histórico de perdas da pessoa, e também do grau de relação com quem morreu (a perda mais dura seria a de um filho, pois quebra um ciclo “ilusoriamente previsível”) e do tipo de morte. “Nas mortes traumáticas, acidente, suicídio, assassinato, pode haver uma fase de negação mais prolongada, a culpa e a revolta podem aparecer com mais intensidade”, diz a psicóloga Maria Helena Bromberg, do 4 Estações, um centro de pesquisas sobre luto e atendimento a enlutados, em São Paulo.

“A princípio eu ia fazer uma loucura, queria matar ele, a família, todo mundo”, diz o empresário Loudeber Castanho, 51, que perdeu a filha de 23 anos, assassinada a tiros supostamente pelo ex-namorado. O que o reteve e confortou foi “um lado espiritual” que a filha deixou. “Antes de morrer ela estava lendo ‘Somos todos Inocentes’, da Zíbia Gasparetto. Às vezes falava: 'Pai, dá uma lidinha no que eu sublinhei. E eu, na correria, não dava atenção. Depois, transtornado, comecei a rastrear as frases e a decifrar o que ela queria me dizer. Descobri que o espírito não morre. Foi a única coisa que me acalmou”, diz.

Para superar o luto, é importante não sublimar a dor. “É para doer mesmo”, diz Maria Helena Bromberg. Faz bem à família se reunir para chorar, conversar sobre o assunto, olhar retratos. Os rituais também ajudam, porque a recuperação é centrada na aceitação. “O velório permite que as pessoas se despeçam e que o enlutado seja reconhecido como tal”, diz ela.
O período luto-casa dura cerca de dois meses. Aí cessam as visitas e a dor costuma piorar. É quando costuma ocorrer uma tentativa de resgatar o cotidiano anterior à perda, o que é impossível. A psicóloga Clarice Pierre diz ser importante, nesse estágio, se desfazer de objetos e roupas de quem morreu, e mudar hábitos. Muita gente muda de casa, de profissão, se engaja em uma causa.

Seis meses depois de perder a filha de 18 anos num acidente de carro, o casal Eduardo Carlos Tavares, médico, e Glaucia Rezende Tavares, psicóloga, se engajou na causa de amparo a enlutados. Criaram o grupo API -Apoio a Perdas Irreparáveis, que em um ano de existência reúne 37 casais, a maioria que perdeu filhos. Os encontros acontecem na casa de um dos integrantes, e são um espaço de expressão do luto. “Em muitas famílias, é tabu tocar no assunto. Mas à medida que falamos vamos nos transformando e ganhando força para retomar a vida. Depois de uma perda, ou a gente fica amarga, ou mais sensível. Nosso objetivo é adoçar a vida sem esquecer nem hipervalorizar a pessoa que se foi”, diz Glaucia. Em São Paulo, o Grupo Fraterno, criado por três mães que há quatro anos perderam os filhos no mesmo acidente, se reúne semanalmente para estudar a doutrina espírita, trocar experiências e promover trabalhos sociais. “No grupo, quem está melhor, puxa o outro”, diz Olga Braga de Araújo, 49, uma das mães. Os encontros chegam a reunir 80 pessoas.

De maneira geral, leva-se de um a dois anos para “elaborar a perda”, no jargão dos especialistas. Nesse período vão ocorrer pela primeira vez as datas importantes: aniversário, Natal… Se os sintomas de luto persistem, é provável que a pessoa não esteja vivendo as etapas necessárias à superação. Freud, no texto “Luto e Melancolia”, compara essas duas condições que encerram “o mesmo estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo”. Só que, no luto, diz Freud, “é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego”. Nos dois casos, existe uma oposição à realidade. Mas, no luto, “normalmente prevalece o respeito pela realidade”, ou seja: uma hora termina e a alegria se torna, ao menos, possível.

O processo considerado “anormal” pelos especialistas tem duas reações opostas: ou a pessoa não sai do luto (é a mãe que arruma o quarto do filho, cultuando o morto todos os dias) ou nem sequer entra nele (a pessoa fica indiferente, não chora, age como se não tivesse acontecido). Nesse luto “adiado”, a dor fica guardada em algum lugar “e um dia vem à tona”, diz Maria Helena Bromberg.

Morte e transformação
A perda traz mudança de valores. “As pessoas passam a ter menos medo de errar, entendem que têm limites e vivem melhor o presente”, diz a psicóloga Clarice Pierre.

Foi o que aconteceu com a decoradora Vitoria Herzberg, que há dez anos perdeu o filho Daniel, 18, de câncer. Ela diz ter passado por todas as fases do luto. “Ou você se envolve na vida, ou os vivos acabam desistindo de você.”

Depois de três meses, Vitória retomou seu trabalho com decoração, mas, em meio a uma polêmica com um cliente sobre o tom de amarelo que forraria um sofá, viu que aquilo não fazia mais sentido. Largou a profissão. Há nove anos se dedica a orientar pacientes com câncer e seus parentes. Vitória diz que até hoje não se conforma com a ausência do filho, mas aprendeu a conviver com ela. “Antes eu perguntava: Por quê meu filho?. Hoje eu pergunto: Quem sou eu para não ser comigo?”

LUTO: UM TEMPO TEMIDO, UM TEMPO NECESSÁRIO....





Foram-se os amores que tive ou me tiveram: 
partiram num cortejo silencioso e iluminado…
O tempo me ensinou a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida. (Lya Luft) 

Para quem perdeu alguém

Embora a morte faça parte do desenvolvimento humano, lutamos durante a vida pela idéia da imortalidade, e tentamos negar qualquer possibilidade de perda das pessoas que amamos. Quando a morte acontece, a sensação de dor é tão grande que temos a impressão de que vivemos um pesadelo que, em breve, vai passar. A tarefa mais difícil é constatar que o sonho é real e que é impossível fugir dele.

Abre-se um imenso buraco, e a sensação de vazio invade a alma com muita força. É como se ficássemos órfãos de nossas próprias crenças, e sem esperança de poder continuar vivendo depois deste duro golpe. O curso do tempo, que até então era sem importância, passa a ser um inimigo a ser enfrentado e, só aos poucos, descobre-se que é dele que virá o acalento.

Talvez, neste exato momento, muitos de vocês se sintam assim, experimentando um terrível vazio, e sem ânimo para continuar vivendo. Este é o início de um tempo muito difícil, de um tempo de dor, de um tempo de mudanças e transformações por dentro e por fora também. Este é o tempo do luto.


A dor que dói dentro do peito é do tamanho da ligação que se tinha com quem partiu. Leva tempo para nos ligarmos a uma pessoa e, portanto, será necessário também um longo tempo para nos desligarmos dela. Desligar não é esquecer, mas é poder viver com a lembrança da pessoa que partiu sem se machucar tanto. Com o passar dos dias e dos meses, essa dor se transformará em saudade e lembranças.

Quanto tempo vai durar esse sofrimento?

É preciso entender que, neste processo de luto, há dois tempos correndo juntos: o tempo do relógio e o tempo interno de cada um. Estes tempos nem sempre são coincidentes. O tempo do relógio marcará as horas, os dias, as semanas, o mês e os anos; mas o tempo de dentro tem uma marcação diferente. Ele anda conforme as sensações e sentimentos de cada um; por isso o tempo do luto é diferente para cada pessoa. Haverá dias em que a ausência parecerá algo muito recente, algo ainda muito doído. Em outros momentos, haverá uma impressão de melhora, como se o sentimento de falta houvesse rapidamente passado. Sem dúvida, o tempo do relógio irá ajudar o enlutado a entrar novamente na realidade, com o difícil encargo de aprender a conviver com o sofrimento. Mas, como as pessoas são diferentes, vivem seus sentimentos de forma diferente, e também elaboram o luto em tempos diferentes e de forma muito pessoal.


O dia do falecimento de alguém que amamos é, com certeza, um dia em que tudo parece ser parte de um filme do qual você nunca mais esquecerá. Uma sensação de que o chão se abriu e de que você tem de ser “forte” para não cair, mas suas pernas e seu corpo não controlam tantas emoções e tanta dor.

Os encaminhamentos práticos – velório, sepultamento, avisar parentes e amigos – talvez o distancie um pouco das emoções, mas em algum momento você vai ter de lidar com elas. O estado de confusão é muito comum nestes primeiros dias.

Crises de choro, depressões, alterações de sono, de apetite e de humor são reações esperadas. Nesse momento, muitas coisas perderão o sentido para quem vive o luto. Até as tarefas mais simples do dia-a-dia poderão ser difíceis demais de serem realizadas.

Quem quiser prestar um apoio, a alguém que vive o luto, poderá realizar essas tarefas cotidianas para permitir que o enlutado se restabeleça e, aos poucos, volte à sua rotina.

Voltar para casa sempre é difícil, pois representa voltar para a vida sem a pessoa que perdemos. Esta volta pode ser adiada por alguns dias, mas em algum momento terá de acontecer e será acompanhada de sofrimento. A rotina diária vai contando o que aconteceu e, por isso, os primeiros dias são tão doloridos e difíceis.

Todo apoio é bem-vindo nesse momento, mas é preciso que a pessoa que deseja ajudar também esteja pronta para ouvir e enxugar as lágrimas que vão rolar. Não tente impedir o enlutado de sofrer a sua dor, de sentir saudade… ele precisa “dar palavras a sua tristeza porque o pesar que não fala endurece o coração já sofrido” (Shakespeare).


As datas de aniversário de nascimento e morte, assim como outras datas comemorativas, são ocasiões de muito impacto e recordações. Portanto, alterações emocionais são esperadas nestas circunstâncias. Mas, essas datas não podem ser apagadas do calendário, por mais sofrimento que tragam. É preciso, ao contrário, reaprender a conviver com esses dias e a comemorá-los de um jeito diferente.

O Dia de Finados, em especial, além de homenagear os entes queridos, leva-nos a pensar no enigma da morte, em nossos limites e fraquezas, confrontando-nos com o fato de que somos mortais e fazendo-nos repensar a forma como estamos lidando com a vida.


Todo apoio e cuidado dos familiares e amigos é bem-vindo, já que a sensação de perda gera instabilidade, desamparo e confusão. Se você quer ajudar um enlutado, atente para algumas orientações:
É necessário, em primeiro lugar, que você o deixe expressar sua dor, permitindo que ele demonstre a saudade da forma que puder;
Não o impeça de chorar e não lhe exija ser mais forte; 
Seja paciente com as reações diferentes e inesperadas do enlutado;
Esteja por perto e coloque-se à disposição para ajudá-lo naquilo que for preciso. Nesse momento, tarefas simples do dia-a-dia podem parecer difíceis de serem realizadas sem auxilio;
Nunca diga: “foi melhor assim”; pois nem sempre o será para a pessoa que ficou;
Não finja que nada aconteceu nem fique tentando distrair a pessoa; 
Deixe-a expressar-se por meio de sua espiritualidade e de suas crenças, mesmo que você não partilhe delas.

Enfim, se você quer realmente ajudar, escute o enlutado sem interferir em seus sentimentos. Às vezes, um abraço e o silêncio são mais eficazes do que um milhão de palavras. Lembre-se de que a morte, embora seja um processo natural da vida, é um grande enigma para o homem, e a dor da perda sempre será o seu maior sofrimento.

Ana Lúcia Naletto e Lélia de Cássia Faleiros Oliveira são psicólogas clínicas do centro de Psicologia Maiêutica, especializadas no trabalho com enlutados.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

COMO LIDAR COM AS PERDAS?






Quem de nós já não viveu uma situação de perda?

Com certeza todos já passamos por ela.

Pode ter sido a perda de um ente querido por falecimento, por viagem, por separação, por ausência da consciência, por uma desavença, ou até mesmo a perda da saúde, perda do emprego, perda do funcionamento de algum órgão do corpo, perda de um animal de estimação, perda da liberdade, perda de um objeto de estimação, perda da identidade, perda da fé, dentre tantos outros. Perder faz parte do ciclo normal da vida!

A primeira perda que o ser humano sofre é a perda daquele lugar aconchegante e protetor que é o útero materno. Mas como sobreviver se não abandonarmos o útero de nossa mãe? Para que a vida possa ter continuidade é necessário que o cordão umbilical seja cortado.

Isto nos leva a uma reflexão muito importante: só podemos viver, progredir, conquistar o mundo na medida em que abandonamos determinados lugares, situações, pessoas, princípios e conceitos.

A liberdade é algo que conquistamos à custa do enfrentamentos de novas situações e do "abandono" de outras que nos incomodam ou nos viciam.

Ao longo da nossa vida vamos "perdendo" uma série de coisas e conquistando outras. Alguns exemplos: perda do seio materno em troca da mamadeira e desta para nossa autonomia em nos alimentar. Perda do colo confortável da mãe para aprendermos a andar sozinhos e chegar onde quisermos, independentemente.

Para cada perda, há sempre um ganho!

Na vida tudo é passageiro, exceto nosso espírito, pois este é eterno. Porém, muitas vezes nos apegamos por demais à existência material, acumulando bens, pessoas, e consequentemente, não gostamos quando as circunstâncias nos levam a separar delas.

É inevitável! Este é um assunto que a maioria das pessoas não gosta, mesmo aquelas que dizem que "a única certeza que a gente tem da vida é a morte".

O ser humano briga, ofende e até mata pelo apego, pelo orgulho, pelo excesso de vínculo material, pela sede de poder.

O apego é uma característica inerente ao ser humano, porém, em nosso caminho evolutivo a vida nos "ensina" a trabalhar o desapego, mesmo por entre dificuldades.

É tão bom querer bem e ser querido, amar e ser amado!

O que fazer com o apego? Me apego e corro o risco de sofrer quando houver uma separação? Não me apego para não sofrer? O que fazer?

O Budismo prega o não-apego às coisas e às pessoas, mas sim à essência ao bem que elas produzem. Compreender o "caminho do meio" é o mais recomendável. Radicalismos são sempre prejudiciais. Então concluímos, que querer bem, amar, ser amado e querer estar ao lado de quem gosta nos traz paz e felicidade, desde que respeitemos certos limites.

E no caso de uma perda, de uma separação, o que ocorre?

Há uma série de reações que são normais diante de qualquer perda que sofremos. A este conjunto de reações podemos chamar processo de enlutamento:

1) Choque: é o abalo , o desespero e atordoamento, entorpecimento, confusão que nos acomete ao receber uma notícia de perda. Daí podemos reagir com apatia ou com agitação.

2) Negação: é a descrença na notícia ou no fato. A pessoa não acredita no que aconteceu. Trata-se, aqui, de uma defesa psicológica para fortalecimento da pessoa para ela poder dar continuidade.

3) Ambivalência: é a dúvida que a pessoa fica entre a aceitação e a não aceitação da notícia ou do fato.

4) Revolta: aqui a pessoa já acreditou na notícia ou no fato e fica revoltada com a situação, com as pessoas e até mesmo com Deus.

5) Barganha: é uma tentativa de conseguir de volta aquilo que foi perdido. Geralmente esta reação é dirigida a Deus.

6) Depressão: é uma profunda tristeza, que varia de acordo com o tipo e intensidade de apego que a gente tem com a pessoa ou situação de perda.

7) Aceitação e Adaptação: é quando a pessoa percebe que a perda é irreversível, mas sabe que a vida precisa continuar.

De uma forma ou de outra, todos passamos por algumas ou todas estas fases quando perdemos algo ou alguém. Por esse motivo, se faz necessário trabalhar do modo sincero a dor da separação, para que futuramente não venhamos a somatizá-la e corrermos o risco de transformá-la em algum tipo de trauma ou doença.

É muito importante que entendamos e aceitemos que há tempo de sorrir e há tempo de chorar, assim como há tempo de nascer e há tempo de partir.

O luto pelas perdas que sofremos na vida precisa ser vivido de acordo com as crenças e valores culturais, religiosos e pessoais de cada um.

Negar a dor de uma perda é como negar a própria vida. Perder dói, mas é um sofrimento que tem cura.

Fonte: Internet
Postado por FRATERLUZ - Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo

domingo, 4 de outubro de 2015

"A MORTE DO MEU FILHO ME ENSINOU QUE A GENTE PODE ESCOLHER DE QUE JEITO QUEREMOS VIVER: FELIZES OU TRISTES"



Graziela Gilioli fala da dor de perder um filho (o caçula, aos 14 anos) e de como se recompôs e escolheu ser feliz apesar da dor.




por Graziela Gilioli



No emaranhado do nosso tempo, adquirimos o hábito de viver sem pensar muito sobre o começo e o fim das coisas, e muitas são as crenças sobre a origem, o fim, e as suas razões. Nascemos e morremos ao bel prazer do destino como se fôssemos reféns dos segredos da nossa existência. E assim, vivemos alienados da nossa sabedoria, esquecidos do que realmente importa na vida.

Mas, afinal, o que é que importa?

Desde sempre nossas indagações sobre o significado das coisas estão suspensas no ar, sem resposta, porque esta é uma condição essencialmente humana – viver com muitas perguntas não respondidas. Sem respostas começamos a pensar na eternidade. Por força da imaginação nossa mente é capaz de acreditar que viveremos para sempre, e infinito é o nosso sonho que nos leva à eternidade. Mas, a despeito dos nossos desejos, nosso mundo é finito.

Nessa vida seguimos a lei do Universo, a lei da finitude, tudo o que principia tem um fim. Tudo o que conhecemos e tudo o que está por vir em algum dia chegará ao fim. Imagine qualquer coisa – um pássaro, um vulcão, um mar, uma cidade, uma árvore, uma esperança, uma certeza, um beijo, um olhar — tudo o que você imaginar tem a sua própria duração de vida.


Tudo o que conhecemos e amamos um dia morre. Onde há vida há morte e vice-versa. Essa é a ordem do Universo. E há beleza nisso

Quando nós aqui da Terra olhamos para o céu, com seus tons amarelados, alaranjados ou róseos e azuis, estamos vendo à distância uma avalanche de meteoros e meteoritos voando por todos os lados, sem rumo, à velocidade da luz com inúmeros buracos negros pela frente. Mas como é bonito um céu colorido! E que deslumbre é o céu estrelado! Para enxergarmos a beleza dos desígnios da vida temos de nos afastar um pouco de nós mesmos para encontrarmos um novo prisma, um novo olhar ou até mesmo uma nova explicação que nos conforte a alma. Isso eu aprendi com o meu filho caçula.


“Para enxergarmos as belezas dos desígnios da vida temos de nos afastar um pouco de nós mesmos” (foto: Graziela Gilioli).

Eu tenho dois filhos. Há doze anos eles se separaram por uma escolha do destino. Meu filho mais velho, hoje com 28 anos, vive aqui na Terra e o meu filho caçula vive num outro mundo que desconheço. Lá no desconhecido não se contam os dias e então ele tem 14 anos, para sempre. Com o tempo parado na vida do meu caçula entendi a morte como um grande silêncio. Como o fim, sem nenhuma retórica.

Imagine conhecer a morte através do seu filho caçula! Frente à morte somos minúsculos e impotentes. Uma sequência sem fim de perguntas (sem reposta) pipocam em nossa mente e o desânimo, o desespero e a tristeza passam a ser os nossos guias.


Como é que somos capazes de nos iludir durante a vida toda acreditando que a morte é sempre um assunto para não se pensar, como se fosse algo de menor importância perto da vida?

Nunca houve religião ou filosofia que tenha nos libertado da morte e mesmo assim somos tímidos em pensar a morte como parte da nossa vida. Acreditamos que se não tocarmos nesse assunto teremos paz e conforto, e é essa ilusão que nos impede de compreender a vida em sua plenitude. Em nada nos ajuda vivermos como se a morte fosse um engano ou um azar ou uma injustiça que atinge apenas alguns desafortunados.

Convivi com a morte ao meu lado durante os vinte meses em que o meu caçula esteve internado no hospital com o diagnóstico de neurablastoma (um tipo raro de câncer que acomete crianças). Foi quando aprendi que às vezes a gente consegue hipnotizar a morte com a nossa disposição de lutar pela vida. Então ela fica quieta e calma por mais algum tempo, e esse tempo em que a morte está calma é a nossa vida. Meu caçula me ensinou muitas coisas. Uma delas é que o sofrimento pela perda de quem amamos é inevitável. Mas ele também me ensinou que a gente pode escolher de que jeito queremos viver – sendo pessoas felizes ou tristes.

Um pouco antes de morrer meu filho falou bem baixinho — ele ficou surdo e praticamente sem voz por consequência do “tratamento” —: “Mãe, desculpe. Eu não vou conseguir.” Disse isso olhando de frente pra mim e depois apoiou o rostinho lindo que ele tinha no meu peito. Estávamos os dois sentados na cama dele, no hospital. Em seguida ele me disse: “Mãe, eu sei que vai ser duro mas não vai ficar triste, tá bom? Fala isso para o meu irmão porque eu acho que não vai dar tempo de eu falar com ele”.

Meu caçula morreu no dia seguinte, sem ter tempo de falar isso para o irmão mais velho. A generosidade do meu caçula em se despedir de mim com suavidade e a delicadeza dele em me dizer que ele tinha chegado ao fim me deixaram sem palavras. No meu coração despedaçado ficou a certeza de que eu faria tudo para voltar a ser feliz algum dia.

Depois dessa última conversa com meu caçula, deixei o caminho livre para ele morrer. Ninguém tem nenhuma ingerência sobre a vontade da morte, mas quando digo que deixei o caminho livre é no sentido de não me opor ao fim e, sim, aceitar que a partir daquele momento minha caminhada seria sem o meu querido caçula. Eu tinha de ser forte para cuidar do meu filho mais velho que perdera o irmão e me lembrei da sabedoria egípcia onde a mãe é a senhora do céu, soberana de todos os deuses e representa a força, o equilíbrio e a esperança, em qualquer situação da vida.

Com o meu caçula em outro mundo, percebi o quanto somos frágeis e fortes ao mesmo tempo. Frágeis porque não escolhemos nosso destino e fortes porque o aceitamos, apesar de tudo. Aceitar o próprio destino não é uma atitude passiva, é uma escolha, a chance de escolher como viver o que o destino nos oferece. Por que abrir mão dessa liberdade?


Por que não usar nossa capacidade de sermos felizes, por escolha? Ser feliz é uma decisão difícil, mas nos ajuda a conviver com as dores mais profundas que nos acompanham durante a vida toda

Diante de tantos milagres que fazem nossa vida possível como não agradecer o que temos? A gratidão pela vida não deveria ser um pequeno detalhe no meio dos afazeres do dia a dia e sim a coisa mais importante de tudo. Ainda compreendemos muito pouco desse mundo e muitas vezes nos atrapalhamos com os assuntos da alma, sempre à procura de alegria e esperança de que todas as vidas precisam. Aprender a viver com serenidade para aceitar com naturalidade as coisas que facilitam ou dificultam nossa vida pode ser um bom começo para descobrirmos o que importa na vida.



Graziela Gilioli é escritora, autora do livro O Pequeno Médico, e fotógrafa premiada na 10ª Bienal Internacional de Arte de Roma, além de palestrante do TEDxJardins. www.grazielagilioli.com

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