Imagem retirada da série original da Netflix ''The OA"'
publicado em recortes por Charlote Claire
Desde a gênese da humanidade, há lendas que compõem uma crença indubitável na vida além da morte. O medo do purgatório e a teoria de um paraíso deixa claro que o homem tem certa necessidade de ser imortal. Todavia, existem diversos relatos ao redor do globo sobre as famosas EQMs que até hoje geram debates e servem de inspiração para séries de tv e filmes
É fato que a maior parte das religiões criadas pelos seres humanos pregam sobre a vida após a morte. De forma geral, os cristãos, islâmicos e judeus creem na ressurreição, ou seja, o retorno do espírito ao mesmo corpo físico, já os espíritas acreditam na reencarnação, um retorno da alma em diversos corpos novos até atingir o estágio final da evolução.
A repercussão de uma vida além da morte também foi discutida por grandes filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Plotino, especialmente Pitágoras que acreditava na transmigração da alma para outro corpo após o falecimento.
Atualmente, a ''comprovação'' mais próxima de que haja realmente vida além da morte está nos relatos de indivíduos que sofreram uma experiência de quase morte. EQM refere-se às alucinações vivenciadas em situações de morte iminente, são normalmente relatadas depois que o paciente é dado como morto, ou seja, os órgãos, inclusive o cérebro e o coração param de funcionar. Alguns médicos e cientistas pensam que tais experiências sejam evidências de um dualismo mente-cérebro (uma independência do pensamento em relação ao cérebro) e de vida após a morte, pois clinicamente quando há o falecimento do cérebro significa que o indivíduo está morto, portanto impossibilitaria a criação de alucinações.
A maior parte das pessoas que descrevem EQMs falam sobre flutuar sobre o próprio corpo ou serem guiadas ao encontro de uma luz brilhante. Willoughby Britton, que trabalha com pacientes terminais, segundo a revista Superinteressante, diz que pessoas de crenças diferentes podem ver as respectivas divindades, a presença é descrita usualmente como um ser iluminado amoroso e acolhedor. Com isso, é possível concluir que existe um padrão sobre as experiências de quase morte.
Britton conduziu um estudo que sugere que o cérebro pode apresentar diferenças em sua fisiologia depois da experiência de um indivíduo. Uma psicóloga americana admitiu que parte das pessoas que vivenciaram EQM têm um funcionamento anormal do lobo temporal durante o sono comparado aos indivíduos que não passaram por morte clínica, contudo, não é possível dizer se essa anormalidade é causa ou consequência da experiência. Além disso, Pim Van Lommel, um pesquisador holandês, percebeu em sua pesquisa que o índice de mortalidade das pessoas com EQMs foi superior ao de quem não guardava tais memórias, sugerindo que durante EQMs pode haver uma alteração no funcionamento das células neuronais. Nesse caso, o cérebro ainda estaria dando sinais vitais, porém tão sutis que o eletroencefalograma não seria capaz de detectar, um esforço para viver pela última vez.
Tais depoimentos e pesquisas acendem a chama da curiosidade pelo mistério da morte. A exemplo da série da Netflix ''The OA'' e do mais novo filme ''The Discovery'', pode-se perceber uma tentativa de abordar o tema por meio de EQMs, ambas as produções narram o enredo sob o teto das experiências de quase morte. Em ''The OA" a morte se trata de uma escolha, a personagem principal sofre uma EQM e diz ter uma escolha: ficar no mundo espiritual ou voltar à vida. Já em ''The Discovery' o assunto vai bem mais além, a EQM vivenciada é um indicativo de uma segunda chance, exemplificando, quando o indivíduo morre ele reencarna em um universo pararelo diversas vezes até ser capaz de consertar o erro que cometeu antes.
Imagem retirada do filme da Netflix ''The Discovery''
Por outro lado, durante a vida propriamente dita, a medicina e a ciência anseiam por descobertas que auxiliem na cura de todas as feridas físicas e psicológicas. O dilema hoje é tornar o homem moderno mais adaptável às mudanças causadas por ele e pelo próprio ambiente a fim de atingir uma longevidade maior, isso tem sido alcançado aos poucos durante os séculos que se passaram e o avanço da medicina. A verdade é que o ser humano deseja ser imortal de qualquer forma, seja na vida ou na pós-vida.
A sede pela eternidade é algo natural para qualquer organismo com vida, uma das maiores necessidades é a reprodução dos genes e que é justamente a eternização da espécie ou indivíduo. Em suma, biologicamente já atingimos a imortalidade e agora o que nos sobra é a ideia de eternizar não só alguns pares de genes, mas o ''espírito'', pois segundo a passagem bíblica de Gênesis 2:7 “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”, nós somos carne e espírito, somos alma vivente.
Desse modo, com esse pensamento, vem o medo do inferno e o anseio pelo céu. Ambas as formas trazem a imortalidade, seja pelo sofrimento eterno no purgatório ou sensações inexplicavelmente boas no paraíso. É impossível nos dias de hoje afirmar que há uma verdade ou mentira sobre essas teorias e muito provavelmente apenas desvendaremos esse mistério no fim do ciclo da vida. Ou será no começo?
REFERÊNCIAS: http://super.abril.com.br/ciencia/na-fronteira-da-morte/ http://www.infoescola.com/filosofia/dualismo/http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65777-5856,00-SAI...http://espiritismoemcristo.blogspot.com.br/2013/08/ressurreicao-ou-... http://super.abril.com.br/sociedade/viagens-ao-outro-lado-da-vida/http://www.evangelhoperdido.com.br/o-que-diz-a-biblia-sobre-o-estad...

Coração de mãe é uma couraça, nunca sucumbe, sustentando-a durante as noites insones e as horas de prece velando nossa febre, durante a madrugada sem fim de nossa adolescência, à espera de nosso telefonema, à espera de nossa voz viva, diariamente, a todo instante.
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Não dá para escrever sobre mães sem que as palavras enveredem por um viés deliciosamente piegas – ouso até dizer que toda mãe é babosa. Senão vejamos: quem é que fantasia o bebê para tirar fotos e mostrá-las às amigas, toda cheia de si? Quem chora nas apresentações da escolinha? Quem guarda o primeiro dentinho que cai, molda o pezinho, vibra com o primeiro “mama” – ou algo parecido – que ouve do filho? Pois é, mães são amor em estado puro, desprovido de censuras e etiquetas, de qualquer senso que possa existir. E é exatamente isso que as torna essenciais, indispensáveis, inesquecíveis e únicas em nossas vidas.
Nós recebemos tudo delas: sangue, matéria, existência, essência – quer elas tenham ou não nos gerado em seu ventre. Crescemos com elas ali, sempre presentes, e vez ou outra olhamos em busca de seu olhar de aprovação. Mãe é a segurança, o esteio, o porto-seguro para onde voltamos, mesmo que em memória, quando dos reveses da vida. Não existe cafuné mais gostoso, comida mais saborosa, cheiro mais penetrante ou voz mais acalentadora do que de nossas mães. Sabemos que, quando ninguém mais nos der razão, no colo das mães encontraremos repouso consolador.
Por outro lado, elas também sabem ser críticas, mordazes, ferinas, num primeiro momento, quando fugimos às suas expectativas. Porque precisam colocar pra fora todo aquele ranço acumulado, para que o encantamento de seu coração possa transbordar livre, trazendo-nos de volta à realidade. Ao final, elas sempre acabam nos aceitando como somos, em tudo o que nos define. Elas até tentam nos moldar e nos conduzir à sua imagem e semelhança, mas invariavelmente acabam nos deixando livres – e nos amando ainda mais por sermos nós mesmos e por termos nos tornado quem somos.
Coração de mãe é uma couraça, nunca sucumbe, sustentando-a durante as noites insones e as horas de prece velando nossa febre, durante a madrugada sem fim de nossa adolescência, à espera de nosso telefonema, à espera de nossa voz viva, diariamente, a todo instante. Mães têm uma fé absurda e a força de suas orações chega a gritar aos nossos ouvidos – Chico Xavier disse que a oração de uma mãe arrebenta as portas do céu: alguém duvida? Elas estão ali ao lado dos filhos, firmes, esperançosas, quando nada mais parece ter salvação, à cabeceira das sessões de quimioterapia, à porta dos prontos-socorros, em frente aos portões das prisões. Mãe é esperança sem fim, fé inconteste.
Mães não erram deliberadamente, posto que em razão do amor. O filho é seu projeto de vida, sua perpetuação nesse mundo, o legado que deixa à sociedade, por isso elas relutam tanto diante das falhas, dos vícios e dos erros de seu rebento. Aceitar as imperfeições do ser humano a quem outorga sua vida requer desconstruir-se, ressignificar paradigmas, abrir mão da felicidade completa e sofrer, frustando planos acalentados em vão. Mas nada é em vão, em se tratando de mãe e filho. Sorvemos tudo o que vem delas, mesmo que fique adormecido, aguardando o momento certo de vir à tona em nosso favor – sempre em nosso favor.
Mãe também é solidão. Porque ninguém, a não ser elas mesmas, conseguem compreender o que é tudo isso que lhes é tão peculiar. Um amor que transborda além do permitido, um amor que cura, acalma e alimenta a alma. Um amor que nunca desiste da esperança, presente ali nas casas de repouso e nos asilos, onde aguardam ansiosas pelas visitas esparsas, ou mesmo inexistentes. Mãe é persistência, é crença indelével na capacidade do ser humano. É aceitação e resignação, sem questionamento nem cobranças. E precisamos que elas assim o sejam, pois nos são exemplos da necessidade de nos entregar, de acreditar, de amar, de aceitar e de brigar por aquilo que se quer.
Mães não morrem como as outras pessoas – elas são tiradas de nós, abruptamente, sem aviso, porque nunca estaremos preparados para enfrentar a vida sem elas. E então vamos nos agarrando dolorosamente às memórias, às fotos, filmes, cartas e à certeza de que teria sido muito pior se tivéssemos sido nós tirados delas, tentando nos consolar e aprumar nosso navio que parece navegar à deriva de nós mesmos, enquanto experenciamos os ambientes sem a sua presença e nos consolamos com as suas visitas em nossos sonhos. E, nesse processo de luto, somos obrigados a aprender a viver somente de nós mesmos, sem a ternura, a bravura, a cafonice e a sabedoria de um de nossos sustentáculos emocionais mais preciosos. Enfim a dor, burilada e mitigada, transforma-se em saudade contida e em gratidão por termos sido filhos das melhores mães do mundo.
*O título deste artigo alude a uma conhecida citação de autoria de Chico Xavier.
Autor: MARCEL CAMARGO
Fonte: O Segredo.

Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.
A ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe segurança emocional.
Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea que as aturde.
Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse uma ilha de fantasia. Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da realidade, quando as pessoas dão-se conta da realidade, frustam-se e amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando no trágico desar.
Recentemente a Mídia apresentou uma nova técnica de autodestruição, no denominado clube da baleia azul, no qual os candidatos devem expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de demonstrarem força e valor, culminando no suicídio. Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter a vida exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.
O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua insatisfação e angústia, sendo fator preponderantes para a covarde conduta.
O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do princípio.
É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.
Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a sociedade.
Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio!
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20-04-2017.

MédiumDivaldo Franco

1 – Qual a primeira consequência do suicídio?
A terrível constatação: o suicida não alcançou o seu intento. Não morreu! Não foi deletado da Vida. Continua a existir, sentir e sofrer, em outra dimensão, experimentando tormentos mil vezes acentuados. É uma situação traumática e apavorante, conforme informam suicidas que se manifestam em reuniões mediúnicas.
2 – Seus sofrimentos são de ordem moral?
Em parte. Há outro aspecto a ser considerado: os estragos no perispírito, o corpo espiritual. O apóstolo Paulo o denominava corpo celeste. Um corpo feito de matéria também, mas em essência, numa outra faixa de vibração, como define Allan Kardec. É o veículo de manifestação do Espírito no plano em que atua, e intermediário entre ele e o corpo físico, na reencarnação.
3 – Quando o médium vidente diz que está vendo determinado Espírito, é pelo corpo espiritual que o identifica?
Exatamente. O Espírito não tem morfologia definida, como acontece com a matéria. É uma luz que irradia. Diríamos, então, que o vidente vê determinado Espírito em seu corpo espiritual, tanto quanto identificamos um ser humano pela forma física.
4 – O que acontece com o perispírito no suicídio?
Sendo um corpo sutil, que interage com nossos pensamentos e ações, é afetado de forma dramática. Se alguém me der um tiro e eu vier a desencarnar, poderei experimentar algum trauma, mas sem danos perispirituais mais graves. Porém, se eu for o autor do disparo, buscando a morte, o perispírito será afetado e retornarei ao Plano Espiritual com um ferimento compatível com a área atingida no corpo físico. É muito comum o médium vidente observar suicidas com graves lesões no corpo espiritual, produzidas por instrumento cortante, revólver ou outro meio violento por ele usado.
5 – Qualquer tipo de suicídio sempre afetará uma área correspondente no perispírito?
Sim, com tormentos que se estenderão por longo tempo. Dizem os suicidas que se sentem como se aquele momento terrível de auto aniquilamento houvesse sido registrado por uma câmera em sua intimidade, a reproduzir sempre a mesma cena trágica. Imaginemos alguém a esfaquear-se. A diferença é que, enquanto encarnado, essa autoagressão termina com a morte, enquanto que na vida espiritual ela se reproduz, insistentemente, em sua mente, sem que o suicida se aniquile.
6 – Digamos que a pessoa dê um tiro na cabeça…
Sentirá repercutir, indefinidamente, o som do tiro e o impacto do projétil furando a caixa craniana e dilacerando o cérebro. Um tormento indescritível, segundo o testemunho dos suicidas. Lembra a fantasia teológica das chamas do inferno, que queimam sem consumir.
7 – Falando em chamas, e se a pessoa se matou pelo fogo, desintegrando o corpo?
Vai sentir-se como alguém que sofreu queimaduras generalizadas. Experimentará dores acerbas e insuportável inquietação. É uma situação desesperadora, infinitamente pior do que aquela da qual, impensadamente, pretendeu fugir.
8 – Podemos situar os desajustes perispirituais como castigos divinos?
Imaginemos um filho que, não obstante advertido pelo pai, não toma os devidos cuidados ao usar uma faca afiada e se fere, seccionando um nervo. As dores e transtornos que vai sentir não serão de iniciativa paterna para castigá-lo. Ele apenas colherá o resultado de sua imprudência. É o que acontece com o suicida. Seus tormentos relacionam-se com os desajustes que provocou em si mesmo. Não constituem castigo celeste, mas mera consequência de desatino terrestre.
Richard Simonetti

É comum as pessoas me procurarem perguntando sobre a morte de entes queridos. Uma das perguntas mais comuns é se elas poderiam ter feito algo para evitar a morte das pessoas que amam, pois sentem muito sua falta.
A resposta a essa pergunta é simples… não. Elas não poderiam evitar, em hipótese alguma. Mas por que não seria possível evitar a morte de uma pessoa? A morte não pode ser evitada porque ela já está determinada desde quando a pessoa nasceu. Tão logo o espírito encarnado cumpra determinadas tarefas e viva certas experiências na matéria, sua existência material passa a se tornar desnecessária e o espírito deve ir embora.
O ser humano prefere acreditar que tem poder para intervir em tudo. Ele quer acreditar que é poderoso e que suas ações podem mudar as coisas do mundo. Ele quer acreditar que é o senhor do seu destino e, e não apenas isso, mas também que é o senhor do destino de outras pessoas. Sem a ideia do poder, o ser humano sentir-se-ia enfraquecido e perdido. No entanto, é preciso compreender que o poder que temos não é o poder material; não é o poder da carne; não é o poder para interferir nos acontecimentos do mundo. O único poder que temos é sobre nós mesmos.
Não adianta tentar mudar algo externamente; não adianta buscar evitar ou provocar certas circunstâncias; não é possível acreditar que temos o poder de salvar ou deixar uma pessoa morrer. Quando uma pessoa desencarna, a hora dela chegou e nada pode ser feito para evitar isso. Não importa o quanto você seja forte; não importa o quanto você seja sábio; não importa as influências políticas que você tem; não importa quantos médicos você conhece e tampouco quanto dinheiro você tem. Quando conseguimos “salvar” a vida de alguém, por exemplo, de um afogamento, só fomos bem sucedidos no resgate porque ainda não era a hora do seu desencarne. Caso fosse o momento dela ir embora, nenhum poder humano seria capaz de salva-la.
Pelo contrário. Supondo que uma pessoa precisasse morrer e nos fosse dado o poder de intervir e mante-la na matéria por mais tempo, isso a prejudicaria imensamente. Vamos imaginar que uma pessoa está indo embora de um país para trabalhar em outro país. Ela precisa daquele emprego, pois vai incrementar seu currículo, ela terá um experiência inédita e muito preciosa para sua carreira, além de ganhar mais e assim poder comprar sua casa própria. Agora imagine que existe uma pessoa apegada a ela e que não deseja essa distância. O que aconteceria se essa pessoa queimasse as passagens e a impedisse de ir? Ela estaria destruindo uma oportunidade valiosa de crescimento profissional de alguém que ama.
O mesmo ocorre com aqueles que tentam impedir a morte de alguém cuja estadia na matéria já se findou. Ela estaria prejudicando agudamente aquele espírito de seguir sua jornada evolutiva, ir a outras regiões cósmicas mais sutis para trabalhar, aprender, se desenvolver, ter novas experiências, etc. Portanto, nosso egoísmo em desejar prender alguém que precisa ir pode atrapalhar consideravelmente a evolução do seu espírito, da mesma forma que os pais podem atravancar o desenvolvimento do filho quando obstam sua saída de casa para morar sozinho. O ser humano muitas vezes se comporta como uma criança mimada, que bate o pé e grita quando suas vontades não são atendidas. Os mestres sempre ensinaram que devemos seguir a vontade de Deus, como fez Jesus quando disse: “Pai, que seja feita a Sua vontade e não a minha”.
Muitas pessoas se culpam por não terem evitado a morte de um parente. Elas acreditam que, se tivessem levado a pessoa antes a um hospital; se tivessem socorrido mais rápido; se tivessem prestado mais atenção; se tivessem certos conhecimentos de primeiros socorros; se não tivessem sido negligentes com a pessoa; se fossem mais espertas, mais inteligentes, mais dinâmicas em algum momento, teriam sido capazes de salvar a pessoa. A grande verdade, que poucos desejam aceitar, é que ninguém salva ninguém; cada pessoa se salva por si só. É imenso o número de pessoas que perdem suas vidas tentando salvar outras pessoas e acabam esquecendo de si mesmas. Passam suas vidas tentando resgatar o outro do abismo em que ele se encontra, e acabam caindo nesse mesmo abismo, não salvando o outro e ainda perdendo a si mesmas por puro apego.
É preciso deixar o outro viver a sua vida da forma como ele deseja viver, de acordo com suas escolhas e seus objetivos. Mesmo que o outro aparentemente fique mal, perca tudo, fique doente, se destrua… se isso ocorreu, é porque precisava ocorrer. A autodestruição era necessária para seu avanço espiritual, com base em suas escolhas. Vamos entender de uma vez por todas que não é algo ruim as pessoas sofrerem as consequências de suas escolhas. Ao contrário, é algo extremamente positivo, pois quem padece no futuro de acordo com o que escolheu no passado vai aprender e se purificar. Seria o mesmo que queimar uma plantação de jiló que nosso filho semeou alegando que o jiló não lhe trará renda. Se ele escolheu plantar o jiló, é necessário permitir que ele colha o jiló. Se ele não colher, não enfrentará as consequências de seus próprias atos e não aprenderá certas lições. Isso não é algo a se evitar, até porque não pode ser evitado. É algo que deve ser aceito como parte da nossa evolução.
Portanto, não se culpe por não ter conseguido salvar alguém de sua morte ou mesmo salvar alguém em vida. O momento da morte não vem por acaso. Era para ocorrer exatamente daquela forma. Aquele acidente que a pessoa sofreu e que a levou, precisava acontecer; aquela doença que ceifou sua vida, precisava vir e purifica-la; aquele caminhão que a atropelou precisava atropela-la para ela se libertar; aquela queda que o levou a morte era necessária a sua elevação; se não fosse necessária, acredite, não teria ocorrido, pois nada, absolutamente nada em todo o cosmos ocorre por acaso. O acaso é mera ilusão de nossa mente que ainda não compreende a vida.
O acaso não existe em todo o universo; se algo ocorreu, é porque precisava ocorrer. Ninguém deve se culpar por não ter conseguido evitar algo. A culpa é o efeito de um delírio de grandeza e poder. Acreditamos que somos poderosos suficientes para decidir sobre a vida e a morte de alguém; acreditamos que sabemos melhor do que Deus quando alguém deve morrer ou quando alguém deve continuar na matéria. Nada além de uma fantasia humana de onipotência; a mesma fantasia que fez o ser humano cair na matéria e que o mantém até hoje sofrendo.
(Hugo Lapa)

Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando,
sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais
dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e
tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos
cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os
que para nada mais servem; pois despedaça o coração de
uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a
sua alegria.
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima
do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o
bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia
previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino.
Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa?
Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero
capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um
fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a
sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores
que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina,
razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se
tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis
para o último plano.
Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de
vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem
famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e
fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos
pais. Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício
que Deus concede àquele que se vai e que assim se
preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez
lhe acarretassem a perda.
Não é vítima da fatalidade aquele
que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir
que ele permaneça por mais tempo na Terra.
É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de
uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças
falais? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar,
abrir caminho e enriquecer?
Sempre essa visão estreita,
incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria
sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças?
Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras?
Desdenhais então das esperanças da vida futura,
ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais
na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada
entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a
Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não
será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer
convosco?
Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé
e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas,
porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembara-
çada do seu invólucro corpóreo.
Mães, sabei que vossos
filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito
perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos
vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta
de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas
os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma
revolta contra a vontade de Deus.
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações
do vosso coração a chamar esses entes bem-amados
e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis
fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis
aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o
soberano Senhor prometeu.
– Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris (1863)
-fonte: O Evangelho Segundo o Espíritismo, cap. V
Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras —
Irmãos da Nova Era Espírita



— Não; o corpo, freqüentemente, sofre mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
Comentário de Kardec: Na morte natural, que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica em conseqüência de idade, o homem deixa a vida sem perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.
Como se opera a separação da alma e do corpo?
— Os liames que a retinham, sendo rompidos, ela se desprende.
a) A separação se verifica instantaneamente, numa transição brusca?
Há uma linha divisória bem marcada entre a vida e a morte?
— Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo subitamente libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco apouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem.
Comentário de Kardec: Durante a vida, o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório material ou perispírito; a morte é apenas a destruição do corpo, e não desse envoltório que se separa do corpo, quando cessa a vida orgânica. A observação prova que no instante da morte o desprendimento do Espírito não se completa subitamente- ele se opera gradualmente, com lentidão variável, segundo os indivíduos. Para uns é bastante rápido, e pode dizer-se que o momento da morte é também o da libertação que se verifica logo após. Noutros, porém, sobretudo naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito mais demorado e dura, às vezes alguns dias semanas e até mesmo meses, o que implica a existência no corpo de nenhuma vitalidade, nem a possibilidade de retorno á vida. mas a simples persistência de uma afinidade entre o corpo e o Espírito, afinidade que está sempre na razão da preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É lógico admitir que quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por outro lado. a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida corpórea e quando a morte chega, é quase instantânea. Este é o resultado dos estudos efetuados sobre os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações provam ainda que a afinidade que persiste, em alguns indivíduos, entre a alma e o corpo é às vezes, muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso é excepcional e peculiar a certos gêneros de morte, verificando-se em alguns suicídios.
A separação definitiva entre a alma e o corpo pode verificar-se antes da cessação completa da vida orgânica?
— Na agonia, às vezes, a alma já deixou o corpo, que nada mais tem do que a vida orgânica. O homem não tem mais consciência de si mesmo, e, não obstante, ainda lhe resta um sopro de vida. O corpo é uma máquina que o coração põe em movimento. Ele se mantém enquanto o coração lhe fizer circular o sangue pelas veias e para isso não necessita da alma.
No momento da morte, a alma tem, às vezes, uma aspiração ou êxtase, que lhe faz entrever o mundo para o qual regressa?
— A alma sente, muitas vezes, que se quebram os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus esforços para os romper de uma vez. Já parcialmente separada da matéria, vê o futuro desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de Espírito.
O exemplo da larva, que primeiro se arrasta pela terra, depois se fecha na crisálida, numa morte aparente, para renascer numa existência brilhante, pode dar-nos uma idéia da vida terrena, seguida do túmulo e por fim de uma nova existência?
— Uma pálida idéia. A imagem é boa, mas é necessário não torná-la ao pé da letra, como sempre afazeis.
Que sensação experimenta a alma, no momento em que se reconhece no mundo dos Espíritos?
— Depende. Se fizeste o mal com o desejo desfazê-lo, estarás, no primeiro momento, envergonhado de o haver feito. Para ajusto, é muito diferente: ele se sente aliviado de um grande peso porque não receia nenhum olhar perquiridor.
O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
— Sim, segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos e o ajudam a se libertar das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.
Na morte violenta ou acidental, quando os órgãos ainda não se debilitaram pela idade ou pelas doenças, a separação da alma e a cessação da vida se verificam simultaneamente?
— Geralmente é assim; mas, em todos os casos, o instante que os separa é muito curto.
Após a decapitação, por exemplo, o homem conserva por alguns instantes a consciência de si mesmo?
— Freqüentemente ele a conserva por alguns minutos, até que a vida orgânica se extinga de uma vez. Mas muitas vezes a preocupação da morte lhe faz perder a consciência antes do instante do suplício.
Comentário de Kardec: Não se trata, aqui, senão da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo como homem, por meio do corpo, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplicio, ele pode conservá-la por alguns instantes, mas de duração muito curta, e a perde necessariamente com a vida orgânica do cérebro. Isso não quer dizer que o períspirito esteja inteiramente desligado do corpo, mas pelo contrário, pois, em todos os casos de morte violenta, quando esta não resulta da extinção gradual das forças vitais, os liames que unem o corpo ao períspirito são mais tenazes, e o desprendimento completo é mais lento.
Autor desconhecido